CAIXA

Caixa reforça oferta de crédito e discute com governo como ajudar a fomentar a economia

Maria Rita Serrano afirmou que instituição volta a ser protagonista das políticas do governo, mas sem perder foco na rentabilidade. Lucro caiu 24% no primeiro trimestre

Sede da Caixa Econômica Federal - Marcelo Camargo /Agência Brasil

A Caixa apresentou lucro recorrente de R$ 1,9 bilhão no primeiro trimestre deste ano, uma redução de 5,3% em relação ao trimestre anterior e de 23,9% na comparação anual. É o primeiro balanço sob a gestão da nova presidente da instituição, Maria Rita Serrano, indicada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente do banco disse, durante apresentação dos resultados, que o balanço mostra não só números, mas uma nova diretriz para a instituição.

Serrano afirmou que a Caixa volta a ser a principal protagonista das políticas do governo, sem perder foco em rentabilidade e estimular a competição no sistema financeiro. Ela afirmou que não existe dicotomia entre fazer políticas públicas e estimular a competição, com rentabilidade.

Diferente dos bancos privados, onde o crédito cresceu em ritmo menor por conta dos juros elevados, na Caixa a carteira total de crédito cresceu 16,6%, no período, e atingiu R$ 1,03 trilhão. Ela disse que não há orientação específica do governo para acelerar o crédito, mas que existem discussões sobre como fomentar a economia.

A Caixa está investindo em crédito. Poderia investir em tesouraria com juros altos. Mas está ampliando a oferta de crédito, o que ajuda a fomentar a economia. O governo vem discutindo como os bancos públicos podem melhorar a carteira de crédito, mas ainda não há algo novo sobre isso, afirmou.

Ela voltou a criticar a gestão anterior, de Pedro Guimarães, acusado de assédio moral e sexual, e afirmou que isso causou a maior crise institucional do banco. Serrano disse que foi recriada a vice-presidência de pessoas, que na gestão anterior tinha sido fundida com a de logística, e também foi o programa de diversidade e inclusão.

Pegamos uma instituição que perdeu, nos últimos anos, a capacidade de continuidade dos projetos. E implementou políticas controversas, como os R$ 8 bilhões emprestados no programa Auxílio Brasil, que endividou os mais pobres, além do programa de micro finanças, que tem inadimplência muito alta. E pegamos o banco desmantelado em relação à política de pessoas, afirmou.

Ela disse que o consignado do Auxílio Brasil foi suspenso em fevereiro e que esses empréstimos não deve voltar, já que o Auxílio não é renda, portanto não faz sentido emprestar cobrando juros aos mais vulneráveis. Serrano disse que, como produto para o banco, esse empréstimo é seguro porque é descontado do Auxílio, mas do ponto de vista de responsabilidade social não faz sentido.

Serrano afirmou ainda que a diretriz anterior era de privatizar as principais operações da instituição e que todo o planejamento estratégico foi redefinido.

Ela afirmou que, na contramão dos bancos públicos, a caixa continua abrindo agências físicas. Foram 19 este ano e devem ser abertas mais trinta, além da população contar com correspondentes bancários em quase todos municípios brasileiros. Ela disse que o público da caixa, que participa de programas sociais, precisa de agências físicas para receber os benefícios.

Mas ela reconheceu que o banco está defasado em tecnologia, em relação aos concorrentes. A Caixa pretende investir R$ 5 bilhões, nos próximos três anos, com os primeiros resultados aparecendo já em 2024, em tecnologia para modernizar servidores, internet banking e demais canais digitais. AS contratações já estão sendo feitas este ano. Foi criado inclusive um núcleo de transformação digital no banco.

Ela disse que as agências físicas que estão sendo abertas são menores do que as de antigamente e tem entre cinco e sete funcionários e estão em regiões onde não existe nenhum atendimento bancário.

Este é o grande diferencial da Caixa. Sabemos que temos que melhorar o atendimento com mais pessoas e tecnologia, mas a Caixa não fechou agências e ainda tem presença em quase todo o território nacional, afirmou.

Ela disse que os juros altos estão fazendo com que as pessoas migrem da caderneta de poupança, fonte importante do financiamento imobiliário, para outras aplicações financeiras. Com isso, o custo de emprestar para a compra da casa própria tem ficado mais caro já que a Caixa precisa buscar novas fontes de recursos, também com juros mais elevados.

A Caixa, inclusive, vai lançar uma campanha mostrando as vantagens de aplicar em caderneta de poupança, especialmente depois que algumas pessoas sapiram e tiveram perdas com aplicações em crédito privado. Mesmo com aumento de taxas, a carteira de crédito imobiliário cresceu quase 20% no primeiro trimestre porque a Caixa continua praticando as menores taxas, disse Serrano.

A participação da Caixa no crédito imobiliário no país é de 66,5%, no primeiro tri mestre do ano. O crédito imobiliário atingiu saldo de R$ 659,3 bilhões, alta de 14,4% na comparação anual. No programa minha casa Minha Vida a Caixa detém participação de 99,9%.

O índice de inadimplência subiu para 2,73%, avanço de 0,4 ponto percentual em 12 meses, influenciado por um cliente do segmento de saneamento/infraestrutura, diz o banco. Sem esse evento, a inadimplência teria ficado em 2,38%.