Migração

México reporta baixa em fluxo de migrantes para os EUA após fim do Título 42

Medida foi acionada durante a crise sanitária para, em tese, frear a covid-19

Migrantes aguardam audiências de asilo na fronteira EUA-México. - Sandy Huffaker/AFP

O governo do México reportou nesta sexta-feira (12) uma queda no fluxo de pessoas que querem chegar aos Estados Unidos, poucas horas após o término da política "Título 42", de Washington.

Essa norma permitia a expulsão automática de migrantes, alegando riscos à saúde, devido a covid-19.

"O fluxo está diminuindo a partir de hoje. Não tivemos confrontos, ou situações de violência na fronteira", disse o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, em entrevista coletiva.

Os Estados Unidos levantaram a chamada Título 42 às 23h59 de quinta-feira, no horário local (00h59 de sexta-feira, no horário de Brasília). Esta medida foi acionada durante a crise sanitária para, em tese, frear a covid-19. Na prática, foi usada quase 2,8 milhões de vezes para expulsar os migrantes, impedindo-os de procurar asilo.

Ante o fim dessa norma, o presidente americano, Joe Biden, previu uma situação "caótica" na fronteira, a tempo de seu governo mobilizar quase 24 mil agentes na área.

Ao citar um relatório do Exército mexicano, Ebrard afirmou que, nas fronteiras da Ciudad Juárez e de Matamoros, a quantidade de migrantes continuou a mesma e em "situações calmas e normais".

O ministro acrescentou que há um grupo de cerca de 500 pessoas na fronteira de Tijuana, onde permanecem "pacificamente" com a intenção de cruzar.

Segundo dados apresentados por Ebrard na entrevista coletiva, o governo mexicano contabilizou 26.560 migrantes nas principais cidades fronteiriças do país. Deste total, 10.000 deles estão em Ciudad Juárez; 7.000, em Reynosa; e 5.500, em Matamoros. O restante está distribuído entre Tijuana, Nogales, Piedras Negras e Ciudad Acuña.

A partir desta sexta-feira, os migrantes que chegam às portas dos Estados Unidos ficam à mercê da medida Título 8, que já estava sendo aplicada.

Isso significa que haverá consequências, caso alguém chegue sem atender aos requisitos legais para asilo, como a proibição de entrar nos Estados Unidos por pelo menos cinco anos e possíveis processos criminais.

Para seguir um "caminho legal", um migrante pode aproveitar programas de reunificação familiar, autorizações humanitárias — para cotas de venezuelanos, haitianos, nicaraguenses e cubanos —, ou processar seus pedidos por meio do aplicativo CBP One antes de chegar à fronteira.

Ebrard disse que os "Estados Unidos estão fazendo sua parte", porque ofereceram 360.000 permissões humanitárias para aqueles que registram o processo por meio do aplicativo.

O funcionário reiterou que muitos migrantes são enganados por traficantes de pessoas, porque lhes dizem que, se chegarem aos Estados Unidos, permanecerão no país, porque não há mais a Título 42.

"Se for por meio de documentos, sim (...), se chegar por meio irregular é mais difícil e vão te repatriar", alertou.