EM PORTUGAL

Após quatro meses de governo Lula, Ciro quebra silêncio com críticas a Lula e Haddad

É a primeira vez que o ex-governador fala sobre o novo governo Lula; PDT faz parte da base

Ciro Gomes em palestra em Lisboa - reprodução/vídeo

Sete meses após registrar seu pior resultado numa eleição presidencial, o ex-ministro Ciro Gomes voltou a participar de um evento público nesta sexta-feira. Em discurso para estudantes da faculdade de direito da Universidade de Lisboa, em Portugal, o pedetista afirmou que o presidente é o "responsável pelo reacionarismo no Brasil" e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está "entregue à banqueirada". É a primeira vez que ele faz vez uma avaliação do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

– O Lula nunca quis mudar, não tem compromisso com a mudança do Brasil, é o responsável pelo reacionarismo dominante hoje no Brasil. Ganha com isso – disse.

Ciro comentou uma reportagem do Globo, que revelou que o senador Davi Alcolumbre (União-AP), indicou emendas sob suspeita de superfaturamento.

– A Codevasf está fazendo investimento superfaturado no Amapá neste governo. A direção e as práticas que estão lá são as mesmas, é por lá que se esvai o orçamento secreto. Como nós vamos fazer? Deu certo isso? É uma pergunta simples – criticou.

– Caramba, o Lula foi parar na cadeia. Será possível que não aprendemos nada? Ou nós acreditamos que Lula foi inocentado? Ele não foi. O Lula teve direito à presunção de inocência restaurada. É diferente de ser inocentado em um julgamento – disse. Apesar disso, Ciro avaliou que Lula não teve "o processo devido legal".

Da mesma forma que faz o governo de Lula, o político do PDT também criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Do outro lado, ele disse que Lula não tem interesse em mudar Campos Neto do cargo. O pedetista também criticou Haddad por indicar o secretário-executivo do Ministério da Fazenda para uma diretoria no BC.

– Esta demissão (do Campos Neto) tem que ser provocada pelo Conselho Monetário Nacional. Quem é? É o governo, é o ministro da Fazenda completamente entregue à banqueirada, que está indicando um banqueiro para direção nova do Banco Central, se chama Galípolo – disse.


Em outra crítica a Haddad, Ciro falou sobre a nova regra fiscal que está sendo analisada pela Câmara e foi construída pelo ministro.

– Quero saber se é justo que a gente faça um novo teto de gastos, com o nome arcabouço fiscal, um arrocho absoluto na taxa de inversão. Sabe qual é a taxa de investimento do Brasil hoje? A menor da história. Da União federal remanesce para investimento 0,75 de 1%. E isso significa ao redor de 24 bilhões, que é nada – declarou.

Quarto lugar na eleição presidencial do ano passado, Ciro está ausente do debate político nacional desde o resultado do segundo turno, em outubro. Seu partido está na base do Lula no Congresso e tem Carlos Lupi, presidente licenciado da legenda, como ministro da Previdência.

Da mesma forma que o irmão, o senador Cid Gomes Gomes (PDT-CE) já havia feito críticas ao governo e reclamou da forma como o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negocia com o Centrão.