Joias de Bolsonaro e Michelle: peritos viajam à Suíça e visitam Chopard para definir valor das peças
Departamento de Geologia da corporação cuida da análise; relógio e escultura já foram avaliados
Peritos da Polícia Federal viajaram na semana passada a Genebra, na Suíça, como parte da investigação para definir o valor das joias enviadas pela Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Os agentes estiveram na sede da Chopard, responsável pelas peças de luxo. Lá, eles pediram informações sobre o ”valor artístico” e a documentação dos itens.
Inicialmente, as joias foram avaliadas em R$ 16,5 milhões, com base em valores de conjuntos semelhantes. Uma análise preliminar do setor de Perícias em
Geologia da PF, que mantém um laboratório de alta tecnologia no Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, indica que o valor pode superar esse montante.
A análise do relógio e da escultura de cavalo já foi finalizada. Falta verificar o preço do colar, anel e par de brincos, que têm demandado mais tempo porque cada pedra preciosa é periciada individualmente com o auxílio de um microscópio eletrônico. A verificação é feita em cima de quatro características: quilate, cor, lapidação e pureza.
O objetivo da PF é chegar ao valor oficial e não ao preço de mercado do objeto, que varia de acordo com o país onde o artefato é comercializado — se na Arábia Saudita ou no Brasil, por exemplo. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, este lote de joias foi avaliado pela Receita Federal em R$ 5,6 milhões — os itens ficaram retidos no Aeroporto de Guarulhos, momento em que auditores fiscais fizeram a atribuição do custo. Para fins de investigação, no entanto, o valor será estabelecido pela PF.
As informações são essenciais para a Polícia Federal concluir o inquérito que investiga se Bolsonaro e seus auxiliares cometeram crime de peculato e descaminho ao tentar incorporar as joias ao patrimônio pessoal do político do PL. O alto valor dos bens é justamente o que o descaracteriza como item “personalíssimo” e o enquadra como patrimônio da União.