NEGÓCIOS

UE aprova compra da Activision pela Microsoft, maior negócio da indústria de games

Negócio, de US$ 69 bilhões, é aprovado após veto no Reino Unido

Pixabay

A compra da Activision Blizzard por US$ 69 bilhões pela Microsoft obteve a aprovação da União Europeia, apenas algumas semanas depois que o órgão regulador de fusões do Reino Unido tomou a decisão de vetar o maior negócio da indústria de games de todos os tempos.

A Comissão Europeia analisou que o acordo não prejudicaria a concorrência depois que a Microsoft prometeu permitir que rivais na nuvem ofereçam títulos de grande sucesso, como Call of Duty, em suas próprias plataformas por 10 anos.

A aprovação significa que o destino do negócio agora depende de a empresa vencer os desafios legais nos Estados Unidos e no Reino Unido - provavelmente uma tarefa difícil.

A Microsoft, fundada por Bill Gates, é fabricante dos consoles Xbox e mantém um serviço de assinatura na nuvem com enorme diversidade de jogos, o Xbox Game Pass. A Activision é uma desenvolvedora de games, criadora de títulos de grande sucesso como o Call of Duty, World of Warcraft e Guitar Hero.

A chefe do órgão antitruste da UE, Margrethe Vestager, descreveu nesta segunda-feira o acordo como "pró-competitivo" e que daria um empurrão no segmento de streaming em nuvem, que representa apenas 1% a 3% de todo o mercado de jogos.

A aprovação por parte da UE vai contra as decisões negativas da Autoridade de Competição e Mercados (CMA) do Reino Unido, que no mês passado vetou o negócio sob alegação de que a união entre as duas empresas poderia prejudicar a concorrência no segmento de jogos em nuvem, e da Comissão Federal de Comércio dos EUA, que tentou bloquear o acordo no ano passado.

Na avaliação do órgão regulador do Reino Unido, o negócio poderia resultar em preços mais altos para os usuários, menor oferta de games para os consumidores e menos investimento em inovação no segmento.

Desenvolvimento no futuro
De acordo com Margrethe, a diferença nas conclusões entre os órgãos reguladores da UE e do Reino Unido se concentra na rapidez com que o mercado de jogos em nuvem se desenvolverá no futuro.

- Concordamos que o mercado de streaming em nuvem é um mercado promissor. Podemos discordar sobre a velocidade com que se desenvolverá - disse Vestager, acrescentando que a UE vê um período de desenvolvimento mais longo para jogos em nuvem do que o Reino Unido.

Embora a decisão da UE ofereça um vislumbre de esperança, "provavelmente não muda muito" as chances de sucesso da Microsoft em contestações legais à FTC e CMA, de acordo com a analista da Bloomberg Intelligence, Jennifer Rie. Isso porque “cada jurisdição tomou sua decisão com base nas condições de mercado em sua própria região”, disse ela:

- Essas condições podem diferir, o que pode levar a uma conclusão diferente sobre o impacto antitruste de um acordo.

A Comissão Europeia defendeu suas conclusões dizendo que os compromissos capacitarão milhões de consumidores europeus a “transmitir jogos da Activision usando qualquer serviço de games em nuvem” operando na região do bloco europeu.

“Os compromissos trarão benefícios significativos para a concorrência e os consumidores, ao trazer os jogos da Activision para novas plataformas, incluindo jogadores menores da UE, e para mais dispositivos do que antes”, disse um comunicado da comissão.

Por outro lado, a CMA apontou que o acordo reforçaria a vantagem da Microsoft no mercado de jogos em nuvem, dando-lhe controle sobre uma série de jogos líderes, incluindo Overwatch e World of Warcraft. O órgão regulador do Reino Unido descobriu que, sem a fusão, a Activision seria capaz de começar a fornecer jogos em plataformas de nuvem no futuro.

“As propostas da Microsoft, aceitas hoje pela Comissão Europeia, permitiriam que a Microsoft estabelecesse os termos e condições para esse mercado nos próximos 10 anos”, disse Sarah Cardell, chefe da CMA. “Embora reconheçamos e respeitemos que a Comissão Europeia tem o direito de ter uma visão diferente, a CMA mantém sua decisão.”

No esforço de obter a aprovação da transação pelos órgãos reguladores, a Microsoft chegou a firmar, em fevereiro, acordo para levar uma série de jogos para plataformas concorrentes. Os games seriam disponibilizados para usuários do Nintendo por uma década. A empresa também assumiu o compromisso de disponibilizar seus jogos para o GeForce Now, serviço de games em nuvem da Nvidia.

Investigação nos EUA
Nos EUA, a FTC já havia aberto um processo de investigação em dezembro do ano passado para barrar o negócio. Na época, o órgão americano lembrou que, após a compra da ZeniMax - dona da desenvolvedora de games Bethesda Softworks -, uma série de títulos passou a ser exclusivo dos usuários do Xbox.

A FTC frisou que isso aconteceu mesmo depois de a empresa de Bill Gates ter assegurado a autoridades antitruste europeias de que não vetaria a oferta desses títulos em plataformas rivais.

O prazo para a conclusão da compra da Activision é 18 de julho. O negócio foi anunciado em 22 de janeiro.