Antes de críticas no PL por foto com Lula, Yury do Paredão foi vaiado por petistas em evento
Deputado se tornou alvo de colegas bolsonaristas por posar com presidente, mas também não foi bem recebido pelos governistas
Antes de publicar um registro ao lado do presidente Lula (PT) e virar alvo de críticas dos colegas bolsonaristas de seu partido, o deputado federal Yury do Paredão (PL-CE) não foi bem recebido no palanque governista.
Em evento na sexta-feira (15) com os ministros Camilo Santana e Elmano de Freitas, o parlamentar foi vaiado por apoiadores nas vezes em que seu nome foi anunciado no microfone.
Yury do Paredão esteve com integrantes do governo em uma reunião pela assinatura do Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica, em Crato, cidade vizinha ao seu município natal (Juazeiro do Norte).
A presença de Yury, além de não ter agradado a militância do PT, gerou inúmeras críticas de seus colegas de bancada na Câmara dos Deputados. André Fernandes criticou o conterrâneo:
– Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem “honra” em receber Lula, não tem honra para permanecer no nosso partido – disse Fernandes.
Apesar da pressão por sua expulsão, o parlamentar se demonstrou tranquilo e afirmou ao GLOBO que o presidente do PL Valdemar Costa Neto entenderá o motivo de seu encontro com o presidente.
– Não fiz nada de errado, sou um político estadista. Valdemar (Costa Neto) é muito sensato, grande entendedor da política e acho que vai entender minha posição enquanto deputado federal. Não estava levantando bandeira para A ou para B, estava cumprindo meu papel de receber o presidente – disse.
Em publicação no Twitter na manhã desta segunda-feira, Valdemar Costa Neto afirmou que, caso Yury tenha cumprimentado Lula por "cordialidade e respeito a liturgia do cargo de Presidente da República, está correto". Neste sentido, ao que tudo indica, a hipótese da expulsão foi descartada.
Esta não foi a primeira vez que Yury do Paredão acenou ao governo. No início do ano, quando o Planalto articulava para evitar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos ataques golpistas do dia 8 de janeiro, ele chegou a retirar sua assinatura do requerimento.
— Tenho uma posição de independência do PL, sempre estive aberto ao diálogo e focado principalmente na democracia. Com certeza terei discordâncias com qualquer governo, mas a política tem que performar em cima de pautas. Ser oposição ferrenha vai atrapalhar o andamento das melhorias — disse à época.
Levantamento recente do Globo com base nas redes sociais e no comportamento em votações aponta que, dos 99 deputados federais da sigla, 34 mostram abertura ao diálogo com Lula. Outros 65, por sua vez, demonstram oposição ferrenha à gestão petista. Entre os deputados de estados do Nordeste, do qual Yury faz parte, a adesão a Lula chega a 52% da bancada