Marília Mendonça: como funcionam os sinalizadores que poderiam ter evitado acidente aéreo
Relatório realizado por órgão da FAB constatou que não houve falha mecânica; projeto de lei que leva o nome da cantora quer obrigar concessionárias de energia a sinalizar linhas
O relatório da investigação sobre o acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, divulgado em primeira mão nesta segunda-feira (15) a representares das famílias das vítimas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), apontou, entre outras conclusões, a de que colisão com os cabos de energia foi um fator preponderante para o acidente.
O avião atingiu uma linha de distribuição de energia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) antes de cair, próximo da pista em Piedade de Caratinga, na Região do Vale do Rio Doce.
Há uma indicação de que sejam colocados identificadores nas linhas de transmissão no local, a partir do relatório, segundo o advogado da família da cantora, Robson Cunha.
O relatório, apesar de apontar que "a linha de transmissão de 69 kV não se enquadrava nos requisitos que a qualificassem como um obstáculo ou objeto passível de ser sinalizado", destaca que "o cabo para-raios da linha de transmissão de 69 kV possuía baixo contraste em relação à vegetação ao fundo".
Entre as recomendações, está "realizar gestões junto à Companhia Energética de Minas Gerais S.A. (CEMIG), de modo a sinalizar, em caráter excepcional, a linha de transmissão de 69 kV no trecho correspondenteao prolongamento da pista 02 de SNCT".
A partir do acidente, foi elaborado o O PL 4.009/2021, chamado Projeto de Lei Marília Mendonça, de autoria do Senador Telmário Mota (PROS/RR), que estabelece que as concessionárias de energia devem sinalizar as linhas com o uso de esferas coloridas e que as torres também devem ser pintadas, de modo a alertar a pilotos o risco de colisão. O PL foi aprovado no Senado e aguarda votação na Câmara dos Deputados.
Sinalizadores de linhas elétricas são esferas coloridas de 60 centímetros de diâmetro e 5 quilos de peso, seguindo aspectos técnicos definidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A sinalização deve ter cor chamativa, contrastante com o verde da vegetação, geralmente em tons de vermelho, laranja e amarelo.
O material utilizado também deve resistir às intempéries do clima, como a exposição direta à luz do sol, ventos e chuvas fortes. Para tanto, usam peças anticorrosivas e têm revestimento em fibra de vidro.
O que diz o relatório do Cenipa
Como divulgou o órgão no primeiro relatório, que apresentava 95% das investigações concluídas, as análises realizadas pelo Cenipa não buscaram estabelecer responsabilidades nem comprovarem a causa do acidente, mas elaborarem hipóteses para entender o que aconteceu e, dessa forma, evitar que novos acidentes aéreos aconteçam.
O relatório afirmou que o avião saiu do Aeródromo Santa Genoveva, em Goiânia, com destino ao Aeródromo de Caratinga (MG), às 16h02, com dois pilotos e três passageiros a bordo. Na fase de aproximação, a aeronave colidiu contra uma linha de distribuição de energia, tendo danos substanciais. Todas as pessoas a bordo sofreram lesões fatais.
O acidente
No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave de matrícula PT-ONJ caiu no município de Piedade de Caratinga após colidir com um cabo da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig), conforme revelado pelo GLOBO. Todas as cinco pessoas dentro do bimotor morreram. Além de Marília, o avião levava o produtor Henrique Bahia, o assessor Abicieli Silveira e os pilotos Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana.