Líderes europeus se reúnem nesta terça, na Islândia, para mostrar unidade contra a Rússia
Cúpula é a quarta da organização em 75 anos de existência
Os líderes dos 46 países do Conselho da Europa se reúnem em uma cúpula nesta terça-feira (16), na Islândia, um ano após a exclusão da Rússia, para mostrar unidade contra Moscou.
Esta cúpula em Reykjavik é a quarta desta organização pan-europeia em seus quase 75 anos de existência e procura encontrar formas de responsabilizar a Rússia, legalmente, pela destruição e pelos crimes causados pela invasão da Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, foi convidado a participar por videoconferência, segundo fontes britânicas, após sua viagem europeia que o levou a Roma, Berlim, Paris e Londres.
Na segunda-feira (15), Zelensky anunciou no Twitter que voltou "para casa" com a promessa de "armas novas e poderosas", em um momento em que se espera que seu país lance uma contraofensiva contra as forças russas.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e sua homóloga italiana, Giorgia Meloni, que se reuniram com Zelensky nos últimos dias, estarão presentes em Reykjavik.
Enquanto o conflito parece se prolongar, apesar das grandes perdas sofridas pela Rússia, a Europa procura mostrar que está unida com Kiev, seja qual for o desfecho do ataque às posições russas.
"Continuaremos apoiando a Ucrânia enquanto for necessário", reafirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na segunda-feira.
"Nada será feito sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", prometeu a chefe do braço Executivo dos 27, já que Kiev teme que seus aliados pressionem o país a negociar com Moscou, se não obtiver êxitos militares rapidamente.
Tribunal para Ucrânia
Como país organizador, a Islândia espera que a cúpula produza "resultados tangíveis".
O país anfitrião teve de trazer reforços policiais do exterior para organizar esse encontro em sua capital. No evento, os participantes buscarão estabelecer um "registro dos danos" causados pela invasão russa, dois meses depois que o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin.
O registro será "um primeiro grande passo para as indenizações" exigíveis da Rússia, segundo Von der Leyen, que defende a criação de um tribunal especial para crimes de guerra na Ucrânia.
Von der Leyen, Reino Unido e Estados Unidos — que têm status de observador — defendem a criação de um novo registro de danos em Haia para coletar danos, visando à criação do tribunal especial.
Em uma mesa-redonda, seguida de um jantar de líderes europeus, os dirigentes vão discutir "como o Conselho da Europa pode ajudar ativamente os ucranianos como membros desta grande família democrática europeia", disse a Presidência francesa.
A Rússia foi membro do Conselho da Europa até março de 2022, um dos poucos fóruns que reunia representantes europeus e russos. Moscou também foi marginalizada do Conselho do Ártico e agora está presente apenas na Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
A missão do Conselho da Europa é promover os direitos humanos, a democracia e o Estado de Direito em seus Estados-membros, que incluem o bloco dos 27 e Reino Unido, Turquia, países dos Bálcãs Ocidentais, Geórgia e Armênia.
Este fórum é conhecido, sobretudo, por sua jurisdição — o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH).
Mas o Conselho da Europa não está isento de fissuras: vai reunir na Islândia dois países em conflito, Azerbaijão e Armênia.
Segundo a Islândia, o evento também abordará temas como o "retrocesso democrático na Europa" e assuntos atuais, como o avanço da Inteligência Artificial (IA).
A reunião também é um prelúdio para a cúpula do G7, que começa na sexta-feira (19) no Japão, onde Macron, Sunak, Scholz e Meloni deverão se encontrar, entre outros, com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.