RÚSSIA X UCRÂNIA

Emissário chinês busca solução para o conflito na Ucrânia

A China, aliada de Moscou, não condenou publicamente a invasão russa da Ucrânia

Tanque Guerra Ucrânia - Dimitar Dilkoff/AFP

Um emissário chinês prossegue nesta quarta-feira (17) em Kiev as tentativas de obter uma solução política para o conflito com a Rússia e pode ter uma reunião com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que deseja o uso da influência de Pequim sobre Moscou.

"É possível que aconteça um encontro durante a tarde entre o presidente ucraniano e Li Hui", informou à AFP uma fonte do governo ucraniano que pediu anonimato.

O encontro seria a primeira reunião pública entre Zelensky, que estimula Pequim a pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, e um funcionário de alto escalão do governo chinês desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.

De acordo com Pequim, Li Hui, representante especial para Assuntos da Europa e Ásia e que já foi embaixador em Moscou, tem a missão de buscar uma "solução política" para o conflito ucraniano.

Depois de Kiev, o emissário chinês visitará Polônia, França, Alemanha e Rússia.

A China, aliada de Moscou, não condenou publicamente a invasão russa da Ucrânia e apresentou um plano de 12 pontos para o fim da guerra, um projeto recebido com ceticismo pelo Ocidente.

O presidente chinês, Xi Jinping, se reuniu em março com Putin em Moscou, o que representou um apoio simbólico e uma demonstração de unidade diante do Ocidente.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Andrei Rudenko, afirmou na terça-feira que Li Hui visitará a Rússia no final do mês, de acordo com a agência de notícias TASS, sem revelar uma data precisa.

"Fluxo de armas"
A visita de dois dias a Kiev de Li Hui acontece depois que Zelensky retornou de uma viagem por vários países europeus com a promessa de novas entregas de armas, necessárias para o início de uma contraofensiva de grande envergadura.

O presidente ucraniano recebeu promessas de envios de mísseis antiaéreos, drones de ataque, blindados leves e abriu o caminho para a entrega de aviões, um pedido que Kiev repete há 15 meses.

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que seu país iniciará em breve o processo de treinamento de pilotos ucranianos. Reino Unido e Holanda anunciaram que pretendem estabelecer uma "coalizão internacional" para ajudar o exército ucraniano.

O envio de aviões ocidentais à Ucrânia, que seriam adicionados às aeronaves soviéticas já prometidas por Polônia e Eslováquia, seria uma vantagem para a Ucrânia, mas não uma solução milagrosa, de acordo com os analistas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, questionado nesta quarta-feira sobre as novas entregas, afirmou que é possível observar "que o fluxo de armas e munições para a Ucrânia está aumentando e que o nível de armas táticas e técnicas fornecidas também está aumentando".

Bakhmut concentra as atenções 
No campo de batalha, a Ucrânia reivindicou pela primeira vez, na terça-feira, avanços territoriais nas imediações de Bakhmut, enquanto a Rússia espera concluir a conquista da localidade após vários meses de uma batalha extremamente violenta.

"Nos últimos dias, nossas tropas liberaram quase 20 quilômetros quadrados ao norte e ao sul da periferia de Bakhmut", anunciou a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Ganna Maliar.

O avanço das tropas ucranianas não parece ser a contraofensiva de grande envergadura que Kiev anuncia há vários meses. Zelensky afirmou na semana passada que o país precisa de "um pouco mais de tempo".

A Rússia afirmou que avançou na área urbana de Bakhmut, uma cidade que está devastada pelos combates e que Moscou espera tomar após uma série de derrotas humilhantes.

De acordo com o fundador do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, apenas 1,46 km2 da localidade resiste a seus combatentes, que estão na linha de frente da batalha.

A conquista de Bakhmut, no entanto, não teria grande importância estratégica para o futuro da guerra, de acordo com analistas.