Ave Sangria: velha guarda do rock retorna ao Teatro do Parque
Show deste sábado (20), com ingressos esgotados, celebra os 50 anos da banda
Letras enigmáticas e deixadas ao bel prazer de interpretações, das mais variadas. Outras mais diretas e ousadas o bastante para desafiar a censura e os tempos idos de uma ditadura nefasta.
Fatos assim, na música, beiram a revolução e são tidas como subversivas. E foi exatamente sob essa realidade que o "bando" psicodélico da Ave Sangria abasteceu a sonoridade do Recife dos anos de 1970 para tempos depois, pouco mais de 50 anos à frente, esgotar ingressos para show celebrativo marcado para este sábado (20), no Teatro do Parque.
A apresentação no Teatro do Parque traz o vocalista e compositor Marco Polo e Almir de Oliveira, figurões da banda que seguem na ativa, depois da partida de Paulo Rafael (2021). Antes do guitarrista, parceiro também de Alceu Valença, a banda já havia perdido alguns outros ex-integrantes entre eles Ivinho (guitarrista) e Agrício Noya (percussionista), ambos falecidos em 2015, e o baterista Israel Semente (1990).
A apresentação no Teatro do Parque vai contar também com participações de Flaira Ferro, Isaar França, Bruna Alimonda, Agda, Geraldo Maia, Cannibal, Clayton Barros, Tagore e Guilherme Teles, que devem contribuir para matar a saudade do público de letras como
Geórgia, "A carniceira dos pântanos frios, das noites do Deus Satã", que jogava boliche com as cabeças das moças mortas de cio, no levantar das manhãs de abril" ("Geórgia, A Carniceira) e "O Pirata", o bandido sem alma, que mente, cuja casa "é o reino do mal".
O início, o meio e o "quase fim" da banda
Antes "Tamarineira Village" (1960) para depois tornar-se a Ave Sangria, o LP de estreia homônimo foi lançado em 1974 para, a partir de então, ser silenciado pela censura.
Em 2014 a velha guarda do rock daria novamente as caras e em 2019 lançaria o segundo álbum, "Vendavais", 45 anos depois da estreia do trabalho inaugural. Com onze faixas, o novo álbum veio com canções criadas ainda na década de 1970 mas que não chegaram a ser gravadas.
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Mas, atemporal que é, tais quais as letras que assina, a Ave Sangria resiste incólume como protagonista da cena musical pernambucana (e brasileira), apesar das reviravoltas e percalços ao longo de um tempo que, para o (seu) público, pelo visto não passou.
Serviço
Ave Sangria - 50 anos
Quando: neste sábado (20), 20h
Onde: Teatro do Parque
Ingressos esgotados