Ex-ajudante de ordens

Bolsonaro elogia Mauro Cid e volta a se esquivar de acusação: "Peço a Deus que ele não tenha errado"

O ex-presidente também defendeu a mulher, Michelle Bolsonaro: "compras dela eram absorvente e roupinhas para filha"

Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro - Reprodução / Alan Santos / PR / Divulgação

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou nesta quinta-feira (18) o depoimento prestado por Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, à Polícia Federal. Bolsonaro declarou que não tem conversado com ex-auxiliar e disse que "pede a Deus para ele não ter errado".

Homem de confiança do ex-presidente, Cid está preso por suspeita de inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde.

Há suspeitas que o cartão de vacinação de Bolsonaro tenha sido adulterado para entrar nos Estados Unidos. O militar prestou depoimento, mas decidiu ficar em silêncio.

– Não tenho conversado com ele (Cid). Está em segredo de justiça isso daí. Apesar de vazar tais segredos de justiça, o que eu vi agora no rodapé de uma TV é que ele ficou em silêncio. Isso é ele com o advogado – declarou o ex-presidente após visitar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho mais velho.

– Ele foi um excelente oficial do Exército Brasileiro, está jovem ainda, foi (das Forças) Especiais, comando dos paraquedistas, primeiro lugar de quase todos os cursos que fez. Peço a Deus que não tenha errado. Cada um siga sua vida. Nós procuramos fazer tudo certo – completou.

O ex-presidente negou ter participado da fraude no cartão de vacinação.

– Falam de vacina minha, não tinha exigência para entrar nos Estados Unidos e estar vacinado, meu Deus do céu. A primeira fraude que fiquei sabendo de vacina foi aquela em São Paulo, no dia 19 de julho de 2021, dia 18 estava em Brasília, no hospital. Parece que a investigação disso não deu para frente – afirmou.

Além das suspeitas envolvendo Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também é citada em uma conversa que envolve Mauro Cid e suas assessoras. O diálogo envolve o uso de dinheiro em espécie para o pagamento de despesas de Michelle.

O ex-presidente disse que "quando mexe com familiar" é algo "muito pessoal" e tentou justificar as despesas.

– Só que as compras dela é absorvente, uma roupinha para a filha, manicure, cabeleireiro, é isso. Eu sacava em média R$ 20 mil por mês, além de outras coisas que pagavam na minha conta pessoal, de presidente de República, R$ 33 mil e R$ 12 mil de capitão do Exército, eu nunca usei cartão corporativo meu – afirmou.

Bolsonaro ainda respondeu sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos atos golpistas do 8 de janeiro. Ao ser questionado sobre a possibilidade de ser chamado a prestar depoimento, o ex-presidente disse apenas que "qualquer cidadão não é chamado, é convocado".

Sobre os presentes recebidos por ele quando era presidente, ele disse que estão disponíveis para auditoria. Bolsonaro também é investigado por suspeita de se apropriar indevidamente de jóias árabes dadas a ele enquanto chefe de Estado brasileiro.

– Tem no depósito do Nelson Piquet nove mil itens, está à disposição para auditoria, tem quatro mil camisetas de futebol – declarou.

Ao falar sobre o novo marco fiscal, organizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Bolsonaro negou que o seu partido vai impedir a aprovação.

– A gente procura paz, porque os problemas que acontecem no Brasil, todo mundo sofre. Está votando aqui o arcabouço fiscal, não há da nossa parte ideia de impedir qualquer votação. O PL é um partido grande na Câmara, não vamos fazer uma oposição radical, não é isso, apesar de não simpartizarmos com o governo – disse.