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Disney vai fechar hotel de luxo com experiência Star Wars na Flórida

Com diárias a partir de US$ 4.800, Galactic Starcruiser leva hóspedes em simulação de viagem intergaláctica e funcionará até setembro. Empresa virou alvo de governador republicano

Simulador da nave Millenium Falcon é uma das atrações inspiradas em Star Wars da Disney. Hotel temático vai fechar em setembro - Reprodução da internet/Site da Disney

A Disney vai fechar um de seus hotéis de luxo na Flórida no fim de setembro, anunciou a empresa nesta sexta-feira.

Star Wars: Galactic Starcruiser, um projeto que era queridinho de seu ex-CEO Bob Chapek, oferece aos visitantes uma viagem imaginária de dois dias em uma espaçonave inspirada na série de sucesso, com preços de diárias a partir de US$ 4.800 por casal. O hotel era para poucos: tinha apenas 100 quartos.

Além disso, a empresa anunciou que não vai mais deslocar 2 mil funcionários que atuavam nas suas instalações da Califórnia para um novo centro de formação corporativa que estava construindo na Flórida, em um investimento de US$ 864 milhões.

 

O complexo de entretenimento virou alvo nos últimos meses do governador republicano da Flórida, Ron DeSantis. A Disney não citou explicitamente essa disputa ao anunciar o fechamento do hotel e sua decisão de interromper a consturção do centro de treinamento no estado, afirmando apenas que “as condições mudaram”.

“Diante das mudanças significativas que ocorreram desde o anúncio deste projeto, incluindo uma nova liderança e a mudança nas condições de negócios, decidimos não levar adiante a construção do campus”, afirmou Josh D’Amaro, chefe dos parques da Disney, em comunicado aos funcionários.

A troca de CEO da Disney ocorreu em novembro do ano passado, quando Bob Iger, que já tinha comandado a empresa por 15 anos, foi chamado de volta ao cargo para substituir Bob Chapek.

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Mas a reviravolta principal nos negócios da empresa veio diante de uma cruzada política do governador DeSantis, provável candidato republicano à presidência dos EUA em 2024, que mudou o status legal da área onde fica o complexo da Disney depois que a companhia se posicionou publicamente contra uma lei estadual que proibiu as escolas de discutirem questões de gênero em sala de aula.

A Disney foi à Justiça contra a decisão de DeSantis e tem acusado o governo da Florida de agir contra a liberdade de expressão e de tomar medidas que inibem a livre iniciativa empresarial.

Há dúvidas agora se a empresa vai levar adiante seu plano de investimentos para o estado, que prevê aportes de US$ 17 bilhões na próxima década, com potencial para gerar 13 mil novos empregos.

"Esperamos estarmos aptos a fazer isso (os investimentos)", disse D’Amaro no seu comunicado.

Um porta-voz do governador disse que a empresa abandonou o projeto devido a suas próprias dificuldades financeiras. A Disney já anunciou que vai reduzir US$ 5,5 bilhões em custos e reduzir em 7 mil vagas a sua força de trabalho como um esforço para ajustar as finanças da empresa, afetadas por perdas no seu serviço de streaming.

– Diante das restrições financeiras da empresa e a queda no valor de suas ações, não é supresa que eles reestruturem seus negócios e cancelem iniciativas que não deram certo – afirmou Jeremy Redfern, vice-secretário de imprensa de DeSantis.

A equipe de campanha de Donald Trump agiu rapidamente para criticar DeSantis, que era considerado seu principal rival para a indicação presidencial republicana.

“Ron DeSanctimonius foi pego na armadilha do rato”, disse Trump no Twitter, usando o apelido irônico do ex-presidente para o governador da Flórida.

A Disney anunciou o novo complexo corporativo da Flórida, em Lake Nona, em julho de 2021. O projeto seria financiado em parte por meio de uma redução de impostos de U$$ 578 milhões por parte do estado.

Embora a Disney tenha recebido as autorizações necessárias, nenhum trabalho foi iniciado. Os funcionários que já haviam feito a mudança terão a opção de ficar ou voltar para a Califórnia, disse a empresa.

As ações da Disney subiram 1,1%, para US$ 93,76, no fechamento de quinta-feira em Nova York. Os papéis subiram 6,9% este ano.