Disputa

Conversa com Lula e novas nomeações acirram disputa entre PF e GSI por segurança presidencial

GSI nomeou o coronel do Exército Laurence Alexandre Xavier Moreira como diretor do Departamento de Segurança Presidencial, enquanto diretor-geral da PF busca apoio na cúpula do governo

Lula durante a campanha eleitoral: presidente mudou modelo de segurança pessoal e criou estrutura que reduz participação de militares no setor. - Marcos Serra Lima/G1

A disputa pelo comando da segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou mais acirrada nos últimos dias. De um lado, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, já tratou do tema com o próprio mandatário e vem buscando apoio de integrantes da cúpula do governo. Do outro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Amaro, insiste que ficará sob a sua responsabilidade a proteção do chefe do Poder Executivo e passou a nomear responsáveis por cuidar da área. Diante desse embate, Lula ainda não manifestou qual será a sua decisão.

Nos bastidores do Planalto, Amaro reforçado que o GSI poderá assumir a segurança de Lula a partir de julho deste ano, quando acaba o prazo do decreto que criou a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata da Presidência (SESP), chefiada pelo delegado federal Alexsander Oliveira e responsável por zelar pela integridade do presidente e seu vice, Geraldo Alckmin.

Na quinta-feira, o GSI nomeou o coronel do Exército Laurence Alexandre Xavier Moreira como diretor do Departamento de Segurança Presidencial da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI. Caso essa atribuição fique com a pasta, Laurence será um dos responsáveis pela estratégia de proteção do presidente e seu vice.

Em outra frente, Andrei Rodrigues, tem procurado angariar aliados na cúpula do governo para que a segurança se mantenha chefiada pela instituição. Já buscou apoio do ministro da Justiça, Flavio Dino e tratou do tema com o próprio presidente. Lula, no entanto, ainda não manifestou a Rodrigues seu posicionamento sobre o assunto. O argumento de Rodrigues é que as principais democracias do mundo têm civis à frente dessa tarefa. Em meio à queda de braço com o GSI, Rodrigues viajou na quarta-feira com Lula no avião presidencial para o Japão, onde o presidente participa da cúpula do G7. O chefe da PF terá agendas com a Polícia Nacional do Japão durante a viagem e acompanhará Lula em compromissos oficiais.

Até o momento, cerca de 400 policiais federais fazem a segurança de Lula. Nesta sexta-feira, a SESP forma mais uma turma de 40 policiais para trabalhar na proteção de Lula, Alckmin e seus familiares. Na próxima segunda-feira, um novo grupo de policiais iniciará os treinamentos.

Desde que o general assumiu o comando do GSI, Amaro e Rodrigues têm travado uma disputa nos bastidores do governo para comandar a segurança presidencial. Há duas semanas, Amaro disse ao GLOBO que tinha “sinalização” de Lula para que os militares voltem a comandar esse trabalho.

— Há uma sinalização do presidente de que essa segurança imediata vai retornar para o GSI. Hoje, há a quebra de um fundamento, que é a unidade de comando — afirmou Amaro.

A declaração irritou a cúpula da PF. Rodrigues passou a se movimentar para convencer Lula e seu entorno de que a proteção do mandatário deverá permanecer sob a responsabilidade de policiais federais.

Atualmente, a segurança de Lula é dividida em três camadas e não tem um comando unificado: a imediata é comandada pela PF, enquanto as seguranças aproximada e afastada — em eventos e viagens — ficam com o GSI. Amaro e a PF trabalham para ter o controle total dessas estruturas.