Pernambuco confirma dois casos do superfungo Candida auris; pacientes estão em hospitais no Estado
O Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública
Dois homens, de 48 e 77 anos, testaram positivo para o superfungo Candida auris (C.Auris). Internados, respectivamente, nos hospitais Miguel Arraes, em Paulista (com confirmação para a infecção em 11/05), e Tricentenário, em Olinda (diagnosticado em 14/05), ambos na Região Metropolitana do Recife, os dois pacientes deram entrada nas unidades por outras motivações, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).
A informação foi confirmada pela reportagem do Portal Folha de Pernambuco, nesta sexta-feira (19).
O Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública por ser multirresistente a fármacos comumente usados para tratar infecções por Candida.
Devido à periculosidade do superfungo, os dois hospitais intensificaram as ações de higiene, incluindo limpeza e desinfecção, para bloqueio e controle da propagação do fungo.
Ainda como forma de conter o C.Auris, a Central Estadual de Regulação de Leitos, de forma articulada com a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), restringiu novos atendimentos nos ambientes nos quais os homens estão internados nos hospitais Miguel Arraes e Tricentenário.
"Os mesmos locais serão acompanhados e a liberação se dará a partir do momento em que seja observada a permanência da negatividade dos resultados laboratoriais nas amostras biológicas dos casos e seus contactantes", diz a SES-PE.
Investigação
O desafio, agora, é saber onde esses dois casos tiveram origem: se das próprias unidades de saúde no Estado ou se sua colonização ocorreu em ambientes extra-hospitalares.
A secretaria também investiga possíveis novos casos: "Estão sendo realizadas a busca e a investigação diagnóstica de todos os contactantes que coabitaram os espaços de internamento com os doentes".
Até o momento, segundo a SES-PE, nenhum outro caso foi identificado além dos dois homens, que, pelo que se sabe, não tinham qualquer tipo de relação. "Não há, ainda, evidência do vínculo desses casos entre si ou com casos anteriores, ocorridos em 2022", explica a pasta.
Sobre o superfungo
A espécie pode sobreviver por meses em superfícies, mas a sua transmissão só se dá pelo contato direto com pessoas infectadas ou com objetos. Nunca foi identificada nenhuma infecção por Candida auris fora do ambiente hospitalar.
Embora os organismos do reino Candida sejam conhecidos dos profissionais da saúde e população no geral, provocando infecções, principalmente, nos órgãos genitais, o C.Auris age de uma forma diferente, fator que reduz bastante a chance de cura da infecção.
A espécie cria uma camada protetora, chamada de "biofilme", que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandinao, três dos principais compostos antifúngicos.
Sintomas da infecção pelo fungo
Não se sabe, ao certo, as áreas afetadas pelo C.Auris. Há registros de ocorrências nas áreas do ouvido, sistema respiratório, bexiga, entre outros.
Febre, tontura, alteração da pressão arterial, dificuldade para respirar e aceleração do ritmo cardíaco são os principais sintomas da infecção pelo superfungo C.Auris.
Surto no Hospital da Restauração
Um paciente de 38 anos, que foi atendido na emergência de traumatologia do Hospital da Restauração, na área central do Recife, no dia 21 de novembro de 2021, teve exame confirmado para Candida auris em janeiro de 2022.
O paciente evoluiu para a cura, e a alta médica aconteceu no dia 30 de dezembro daquele ano.
“Frisa-se que o atendimento no HR foi por outra causa, e que o homem estava colonizado pelo fungo. Ou seja, foi feita a identificação da suspeita do micro-organismo por meio de um exame de rotina no hospital. Contudo, não havia infecção provocada por ele", informou a Secretaria de Saúde de Pernambuco à época.
Ainda em janeiro de 2022, uma mulher de 70 anos também foi diagnosticada com o superfungo. Ela foi internada com problemas neurológicos no Hospital da Restauração no dia 24 de novembro de 2021 e faleceu no início de 2022 “por problemas provocados pelo seu diagnóstico de entrada na unidade hospitalar. Ela estava colonizada pelo micro-organismo, mas não apresentou a infecção por ele”, afirmou a SES naquele momento.