Dissidentes das Farc matam quatro menores indígenas na Amazônia colombiana
Os menores tinham sido recrutados à força pelos rebeldes, que se distanciaram do acordo de paz de 2016
Quatro menores da etnia indígena Murui foram mortos na Amazônia colombiana por dissidentes das Farc, que estão em trégua bilateral com o governo, informou a Defensoria do Povo neste domingo (21).
Os menores tinham sido recrutados à força pelos rebeldes, que se distanciaram do acordo de paz de 2016, que desarmou a ex-guerrilha mais poderosa da América, segundo informações iniciais das comunidades indígenas na região.
A entidade que cuida dos direitos humanos confirmou a denúncia e detalhou, em nota, que "quatro crianças e adolescentes, membros da comunidade indígena Murui", foram executados nas fronteiras dos departamentos de Caquetá e Amazonas (sul) "depois de terem desertado" da frente Carolina Ramírez, uma das facções dissidentes das Farc que aderiu a um cessar-fogo bilateral planejado pelo governo em 1º de janeiro.
Reunidas sob o nome de Estado-maior Central das Farc (EMC), estas frentes não aderiram ao acordo e têm cerca de 3.000 combatentes prestes a iniciar um novo processo de paz com o governo do presidente Gustavo Petro, apesar de várias violações à trégua.
Nem as autoridades, nem os indígenas informaram as idades dos falecidos. Até agora sabe-se apenas do nome de um deles: Luis Alberto Matías Capera, recrutado no fim de março em um povoado do departamento (estado) vizinho de Putumayo, morto a tiros em 17 de maio, juntamente com outros três menores.
Petro qualificou o múltiplo homicídio de "um crime hediondo, uma bofetada na paz" e antecipou "medidas frente a estes fatos".
Consultados por vários jornalistas por meio de aplicativo de mensagens, porta-vozes do EMC informaram que "não serão dadas declarações a respeito até que não se tenha a informação totalmente comparada" com suas frentes nesta área.
A Colômbia vive um conflito armado que persiste após o acordo de paz e no qual se enfrentam rebeldes, narcotraficantes e agentes do Estado em uma prolongada guerra que já deixou mais de 9 milhões de vítimas.