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Biden retoma difíceis negociações para evitar um "default" dos EUA

Biden, que acaba de retornar do Japão, onde participou da cúpula do G7, receberá na Casa Branca o líder republicano da Câmara dos Representantes

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos - Saul Loeb/ AFP

O presidente Joe Biden e Kevin McCarthy, seu principal opositor republicano em relação ao teto de endividamento, retomaram nesta segunda-feira (22) as negociações para um acordo rápido e evitar um perigoso "default" dos Estados Unidos.

Biden, que acaba de retornar do Japão, onde participou da cúpula do G7, receberá na Casa Branca o líder republicano da Câmara dos Representantes.

Os dois conversaram no domingo, enquanto Biden retornava a Washington. McCarthy considerou a conversa "produtiva", segundo a imprensa americana, e indicou que equipes de ambas as partes retomaram as negociações desde então.

É o primeiro sinal positivo depois de um amargo encontro entre negociadores democratas e republicanos, na sexta-feira na Casa Branca, na ausência de Biden, que viajava para Hiroshima, Japão.

Os republicanos exigem reduções nos gastos públicos. O governo Biden se nega e propõe cortar alguns gastos e aumentar impostos aos mais ricos e às empresas que hoje se beneficiam de restituições fiscais.

Os republicanos rejeitam veementemente qualquer aumento de impostos. "Washington não pode continuar gastando dinheiro", tuitou MacCarthy.
 

Biden alertou que recusaria um acordo "que proteja os subsídios de bilhões de dólares às grandes petroleiras enquanto coloca em risco a atenção sanitária a 21 milhões de americanos".

Efeitos concretos
"Os Estados Unidos nunca deixaram de pagar suas dívidas. E esse não será o caso jamais", afirmou Biden. No entanto, corre esse risco se não alcançar um acordo.

Esta situação inédita, com consequências potencialmente catastróficas para a economia dos Estados Unidos e do mundo, pode ocorrer a partir de 1º de junho.

Os Estados Unidos podem então não conseguir reembolsar os proprietários de títulos do Tesouro americano, rei das finanças mundiais. Ainda assim, o governo pode deixar de pagar salários e aposentadorias, entre outros.

Uma decisão tomada na última hora também pode ter consequências. Em 2011, existia apenas a ameaça de calote e isto fez, pela primeira vez, com que os Estados Unidos perdesse sua preciosa avaliação de crédito 'triple A', a melhor das agências de classificação.

Efeitos concretos já são observados, alertou na quarta-feira a secretária do Tesouro, Janet Yellen. "Os investidores estão mais reticentes em manter a dívida soberana que vence em junho", disse.

Sombra de Trump
No entanto, a sombra de Donald Trump ronda as negociações. O ex-presidente republicano, que mantém sua forte influência, instou seu partido em 10 de maio a se recusar a elevar o teto de endividamento, o que levaria a um calote, se os democratas não concordarem em cortar os gastos.

No domingo, a porta-voz da Casa Branca, Marine Jan-Pierre, criticou as "reivindicações partidárias extremas" propostas pelos conservadores.

Já McCarthy acusou a "ala esquerda do partido democrata" de estar "a suas ordens".

Se a falta de acordo persistir, restará a Biden um recurso: invocar a 14ª Emenda da Constituição americana, que estipula que "a validade da dívida pública de Estados Unidos, autorizada por lei, (...) não deve ser questionada".

Em outras palavras, os gastos já votados devem ser pagos.

Apesar de considerar esta possibilidade, Biden se mostrou cético, enquanto Yellen mencionou a "insegurança jurídica" e um "prazo apertado".

Assim como quase todas as grandes economias, os Estados Unidos vivem do crédito. No entanto, nos EUA, é prerrogativa do Congresso votar o aumento do teto da dívida pública que a primeira economia do mundo está autorizada a acumular.

E o que inicialmente era uma formalidade se transformou agora em uma batalha política.