Ar da "Chernobyl chilena" volta a intoxicar estudantes
Localizada na costa central chilena, Quintero, além da cidade de Puchuncaví, é considerada uma "zona de sacrifício ambiental" desde 1958
Mais de uma centena de estudantes foram intoxicados, nesta terça-feira (23), pela má qualidade do ar na localidade de Quintero, provocada pelo polo industrial daquela região, que ganhou o apelido de "Chernobyl chilena".
“Decidiu-se suspender as aulas em Quintero, devido aos diversos casos de intoxicação, que afetaram mais de seis instituições de ensino", informou Romina Maragaño, secretária regional de Educação de Valparaíso, a 110 km de Santiago.
Os estudantes foram atendidos nos centros hospitalares do local e apresentaram sintomas como "dor de cabeça, tontura e problemas estomacais", relatou o governo municipal de Quintero.
Localizada na costa central chilena, Quintero, além da cidade de Puchuncaví, é considerada uma "zona de sacrifício ambiental" desde 1958, quando o governo chileno decidiu relegar a pesca artesanal e a agricultura para transformar a área em um polo industrial que abriga termelétricas a carvão e refinarias de petróleo e cobre.
Este não é o primeiro caso de intoxicação na Chernobyl chilena. Em junho de 2022, outra centena de pessoas, a maioria em idade escolar, foi afetada por este problema.
O governo do presidente esquerdista Gabriel Boric decidiu fechar a Fundição Ventanas, apontada como uma das principais responsáveis pela poluição.
A organização ambientalista Greenpeace passou a chamar aquela região de Chernobyl chilena depois que, em 2018, cerca de 600 pessoas procuraram centros médicos com um quadro clínico atípico de vômito com sangue, dor de cabeça, tontura e paralisia das extremidades, além de erupções na pele que apareceram principalmente em crianças.
Segundo um relator especial da ONU que visitou o país em maio daquele ano, o Chile enfrenta "crises ambientais terríveis e interligadas", que violam os direitos de milhões de pessoas, principalmente naquele polo industrial.