SEca e conflitos

ONU arrecada US$ 2,4 bilhões para aliviar fome no Chifre da África

O Chifre da África é a região formada por Etiópia, Eritreia, Somália, Djibuti, Quênia e Sudão

Mãe alimenta sua filha gravemente desnutrida, Najax Ahmed Mahumed, 2, por meio de um tubo na Maternidade e Hospital Infantil Banadir em Mogadíscio, Somália, em 1º de junho de 2022 - Ed Ram / AFP

A comunidade internacional se comprometeu, nesta quarta-feira (24), na ONU, a doar US$ 2,4 bilhões (R$ 11,9 bilhões) dos US$ 7 bilhões (R$ 34,7 bilhões) necessários para aliviar a fome no Chifre da África, causada por uma seca histórica e conflitos contínuos.

"A fome foi evitada" graças aos esforços das comunidades locais, das organizações humanitárias e ao apoio dos doadores, segundo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, sigla em inglês).

Mais de 32 milhões de pessoas em Etiópia, Quênia e Somália dependem de ajuda humanitária para sobreviver, após a pior seca em 40 anos, com falta de chuvas nos últimos cinco anos.

A ajuda prometida será usada para levar alimentos, água, cuidados médicos e nutricionais, e serviços de proteção às comunidades mais afetadas por uma combinação de fatores, como a seca, conflitos e crise econômica.

Mas esse dinheiro é insuficiente, alertou a ONU, que estima em US$ 7 bilhões o custo da ajuda humanitária necessária para a região ao longo de 2023.

Caso esse montante não seja alcançado, "as operações de emergência serão paralisadas e as pessoas vão morrer", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na abertura da conferência de doadores.

O Chifre da África - região formada por Etiópia, Eritreia, Somália, Djibuti, Quênia e Sudão - é o epicentro de uma das piores emergências climáticas do mundo, de acordo com a ONU.

Seus habitantes "estão pagando um preço exorbitante por uma crise climática que não causaram", declarou Guterres.

Embora as chuvas recentes estejam começando a atenuar a seca, também estão causando inundações que já afetaram mais de 900 mil pessoas, apontou a ONU. E o fenômeno El Niño pode gerar mais deslocamentos, mortes e doenças no fim do ano.

No entanto, levará anos para que a região se recupere da seca histórica, portanto, representantes de ONGs, Estados e especialistas buscam soluções duradouras para que a população se adapte às mudanças climáticas.

Joyce Msuya, vice-coordenadora de ajuda de emergência da ONU, agradeceu a promessa de fundos, mas ressaltou: "Temos que continuar pressionando para que os investimentos aumentem, principalmente para reforçar a resiliência das pessoas que já suportam as consequências das mudanças climáticas".

Segundo um estudo publicado no fim de abril pela World Weather Attribution (WWA), a seca é resultado de uma união inédita de falta de chuva e altas temperaturas, consequência direta das emissões de gases que alimentam o aquecimento global.