CPI 8 de Janeiro

Aliada de Dino e pró-impeachment de Dilma: quem é Eliziane Gama, relatora da CPI do 8 de janeiro

Quando deputada, defendeu Sérgio Moro e votou pela cassação de Eduardo Cunha

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) - Waldemir Barreto/Agência Senado

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) foi um dos destaques do primeiro dia da CPI do 8 de janeiro nesta quinta-feira (25). Eleita por aclamação como relatora da comissão, a senadora foi alvo de críticas e interrupções por parte de políticos presentes na sala.

— Mulheres são duas vezes mais interrompidas. Essa prática nós mulheres acompanhamos todo dia — destacou Eliziane no início da sessão.

O senador Marcos do Val foi o principal crítico da presença de Gama na relatoria da CPI. Ele tomou a palavra para apontar que a senadora seria parcial na análise da comissão por ser próximo do ministro Flávio Dino, que segundo o oposição seria parte interessada na CPI. Em suas redes sociais, do Val compartilhou fotos da política ao lado do ministro.

Eliziane Gama é figura política importante do Maranhão, estado do qual Dino foi governador por dois mandatos, até 2018. Durante a reunião da CPI, ela afirmou que o ministro é um "grande aliado político", mas que isso não inviabilizaria sua atuação na comissão.

Jornalista de formação, Gama iniciou sua trajetória política em 2006, quando foi eleita para o cargo de deputada estadual, aos 29 anos, com mais de 15 mil votos. Quatro anos depois, nas eleições de 2010, foi reeleita com o dobro de votos.

Em 2012, a política maranhense tentou uma candidatura a prefeitura de São Luís e ficou em terceiro lugar. Dois anos depois, foi eleita deputada federal pelo Maranhão, com 133 mil votos.

No Congresso Nacional, atuou como membro da CPI da Petrobras e foi defensora do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. À época, ela defendeu a atuação do juiz Sérgio Moro, criticou quem tratava o procedimento como "golpe" e taxou o mandato da ex-presidente como "desgoverno". Cinco meses após votar pelo impeachment de Dilma, Gama também votou sim ao pedido de cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha.

Após um mandato como deputada federal, ao final de 2018, Gama se candidatou ao cargo de senadora e foi eleita. À época, apoiou a candidatura de Fernando Haddad à presidência da república. No Senado, Gama teve atuação na CPI da Covid-19. Ao final dos trabalhos da CPI, a comissão reforçou a importância da presença feminina nas atuações parlamentares. Poucos depois foi formada a Bancada Feminina do Senado Federal, da qual Gama é líder.

A senadora de 46 anos já atuou nos partidos PPS (2001-2015), REDE (2015-2016), Cidadania (2016-2023) e PSD (2023-presente). Seu mandato dura até o final de 2027.

Nas eleições de 2022 esteve cotada para ocupar a vaga de vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB) na corrida eleitoral, o que acabou não acontecendo. Filha de pai pastor, Gama é evangélica da Assembleia de Deus e foi tratada como importante elo de ligação entre a campanha de Lula e a comunidade evangélica no final da disputa presidencial de 2022.