De "Tuca" da Odebrecht a acusado de racismo: as polêmicas dos integrantes da CPI do dia 8 de janeiro
Arthur Maia, Cid Gomes, Magno Malta e Eliziane Gama são conhecidos nomes da política que já foram alvos de controvérsias
Os responsáveis pela condução da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai apurar os atos golpistas do dia 8 de janeiro têm anos na política e um passado recheado de polêmicas. Arthur Maia (União-BA), Cid Gomes (PDT-CE), Magno Malta (PL-ES) e Eliziane Gama (PSD-MA) foram eleitos para a mesa do colegiado nesta quinta-feira (25).
Antes disso, protagonizaram desde posicionamentos conflitantes a citações em investigações.
Presidente da comissão, Arthur Maia é aliado de primeira hora de Arthur Lira (PP-AL) e ganhou projeção nacional quando foi relator da Reforma da Previdência do governo de Michel Temer (MDB). Na mesma época, em 2017, foi citado na lista de propinas do escândalo da Odebrecht.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o parlamentar era conhecido pelo apelido "Tuca" e era suspeito de ter recebido uma doação de R$ 200 mil na campanha eleitoral de 2020 que não teria sido declarada. À época, Maia afirmou que sua prestação de contas estava "de acordo com a lei".
No ano passado, nas eleições, o senador declarou apoio à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar disso, em dezembro, quando foi a Nova York para participar do Lide Brazil Conference, Maia foi hostilizado por apoiadores do ex-mandatário.
— Mais um apoiador de bandido, chegando para comer com o dinheiro dos impostos do brasileiro — disse uma mulher se referindo ao presidente Lula (PT), a quem o político nunca apoiou.
Na campanha de 2022, outro integrante da mesa protagonizou embates públicos: o senador e ex-governador do Ceará Cid Gomes (primeiro vice-presidente da CPMI). Irmão de Ciro, que foi candidato à Presidência, rompeu com o parente publicamente, a quem teceu duras críticas. Posteriormente, declarou voto no presidente Lula.
Apesar das recentes dissonâncias, Ciro e Cid já foram alvos de busca e apreensão por parte da PF em 2021. Na ocasião, os dois eram acusados de fraude e propina na licitação das obras da Arena Castelão, em Fortaleza, entre os anos de 2010 e 2013.
Já o segundo vice-presidente da comissão, o senador Magno Malta foi acusado nesta semana por injúria racial e deve ser investigado pela PF. Nesta terça-feira, o aliado de Bolsonaro fez uma declaração polêmica, considerada racista, sobre o caso de preconceito envolvendo o jogador de futebol brasileiro Vinicius Júnior no campeonato espanhol, o La Liga.
Em pronunciamento no Senado, Malta questionou:
— Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? — a declaração rendeu uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) e uma representação no Conselho de Ética da Casa Legislativa.
Antivacina declarado e autor de diversas falas homofóbicas, Malta foi um dos grandes entusiastas do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
No entanto, não foi apenas o bolsonarista que fez discursos exaltados contra a petista. A relatora Eliziane Gama, que se elegeu em 2018 senadora na chapa do ministro da Justiça, Flávio Dino, também votou a favor do fim do mandato da antiga chefe do Executivo. Na ocasião, ela chamou o governo de irresponsável:
— Na verdade, hoje, meus colegas parlamentares, o que a presidente faz é criar táticas para menosprezar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que foi criada há décadas numa tentativa de coibir a hiperinflação no nosso país, que durou muito tempo. Nesse sentido, surgiu a crise que nós estamos vivendo no nosso Brasil. Os nossos bancos, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, hoje estão vulneráveis. Eles estão vivendo a pior recessão dos últimos 20 anos. Tudo isso exatamente pelas ações irresponsáveis do Governo.