GUERRA NA UCRÂNIA

Rússia bombardeia clínica na Ucrânia e é alvo de ataques na região de fronteira

Zelensky publicou um vídeo que mostra edifícios destruídos pelo ataque

Sistema de mísseis terra-ar Crotale NG de fabricação francesa, em posição no leste da Ucrânia, em meio à invasão russa da Ucrânia - Força Aérea da Ucrânia/AFP

A Rússia bombardeou uma clínica na cidade ucraniana de Dnipro com mísseis, nesta sexta-feira (26), uma ação que deixou um morto e mais de 20 feridos, ao mesmo tempo em que o território russo perto da fronteira foi alvo de disparos de artilharia.

Segundo as autoridades ucranianas, pelo menos duas pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas no bombardeio em Dnipro, situada a 125 km do front de batalha.

Em Moscou, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, recebeu o emissário chinês, Li Hui, para discutir possíveis saídas para o conflito, embora tenha afirmado que vê "sérios obstáculos" para a paz criados pela Ucrânia e pelos países do Ocidente.

Em Belgorod, o governo acusou militares ucranianos de terem realizado dezenas de disparos de artilharia nas últimas 24 horas, que causaram danos materiais, mas sem vítimas.

Em Dnipro, o comandante da administração militar, Serhiy Lysak, afirmou que a Rússia lançou mísseis contra uma área residencial, onde estão localizadas uma clínica médica e outra de veterinária.

Segundo fontes ucranianas, pelo menos duas pessoas morreram e aproximadamente 30 ficaram feridas no bombardeio contra essa cidade, que era um centro industrial com cerca de um milhão de habitantes antes da invasão russa em fevereiro de 2022.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, publicou um vídeo que mostra edifícios destruídos pelo ataque.

Zelensky disse que, ao atacar instalações médicas civis, "os terroristas russos confirmam, mais uma vez, sua condição de combatentes contra tudo o que é humano e honesto".

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou ter realizado bombardeios noturnos na Ucrânia, mas disse ter mirado em "armazéns de munições".

Esta semana, a Ucrânia indicou que repeliu um bombardeio russo de grande magnitude contra Dnipro, no qual foram lançados 16 mísseis e 20 drones.

Atitudes hostis a Belarus
O governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, garantiu que pelo menos cinco distritos dessa província do sul da Rússia foram bombardeados pelas forças ucranianas nas últimas 24 horas.

Os disparos atingiram a localidade de Kozinka, sobre a qual caíram 132 obuses, de acordo com Gladkov.

O distrito de Belgorodski, próximo da capital provincial Belgorod, sofreu 14 ataques, em particular de drones, incluindo um que atingiu o edifício administrativo, de acordo com os relatos do governador.

Em Krasnodar, uma cidade russa a 200 km da península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, dois drones atingiram prédios, sem deixar vítimas, afirmou o governador Veniamin Kondratiev.

Esses comunicados acontecem poucos dias depois de uma incursão armada vinda da Ucrânia, reivindicada por dois grupos de russos exilados que lutam ao lado dos ucranianos contra as forças de Moscou.

Em outro foco de tensão, Belarus - aliado da Rússia - anunciou, ontem, que Moscou iniciou a transferência de armas nucleares para seu território, para cumprir o anúncio feito por Vladimir Putin em março.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não confirmou as informações e se limitou a declarar que Belarus "enfrenta atitudes pouco amistosas, e inclusive hostis, por parte de países vizinhos".

Putin fala por telefone com Lula
No plano diplomático, Putin teve uma conversa telefônica com o presidente Lula, na qual expressou que o Kremlin está "aberto" ao diálogo e acusou a Ucrânia e o Ocidente de "bloquearem" as conversas, informou a Presidência russa.

Em postagem no Twitter, Lula disse que recusou um convite de Putin para participar, em junho, do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo.

"Mas reiterei a disposição do Brasil, junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz", acrescentou.

Em seu encontro com o enviado chinês Hui, o chanceler Lavrov destacou a postura "equilibrada" da China no conflito na Ucrânia.

Li visitou a Rússia depois de um giro por vários países e após ter se reunido com Zelensky em Kiev no início do mês.