Haddad defende "esforço" para possibilidade de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas
Ministro fez acenos aos ambientalistas, ao dizer que região é de ecossistema "impressionante", mas disse que a Petrobras tem conhecimento na região
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou um tom neutro na disputa entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama, de um lado, e o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras, de outro, sobre a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. O ministro concedeu entrevista à Globonews na tarde desta sexta-feira (26).
Haddad disse que a região tem um ecossistema "impressionante" e que é preciso ouvir cientistas e ambientalistas sobre os riscos da exploração.
Mas também afirmou que o país precisa olhar para as experiências internacionais e lembrou que a Petrobras tem bastante conhecimento sobre a região e sobre a exploração em alto mar.
- Temos que olhar para a experiência internacional para saber o que de fato estamos falando. Eu conheço a região. Aquela região é de uma riqueza e biomas incalculáveis. O Amazonas entra no oceano quilômetros. É um ecossistema muito impressionante. Penso que um cientista vai concordar que é uma preciosidade. Faz muito bem o Meio Ambiente em zelar por aquele patrimônio. Agora, hoje há tecnologias que podem, não sou especialista, mas a própria ministra falou que vai estudar a questão com a importância que merece. A Petrobras também está disposta a dar todas as garantias para que a proteção ambiental esteja garantida na forma da legislação brasileira - disse Haddad.
O ministro disse que é preciso tentar algum tipo de compatibilização nas agendas ambiental e de exploração de petróleo. Ao mesmo tempo em que se mostrou preocupado com os efeitos das mudanças climáticas, e lembrou a seca vivida na Argentina, também disse que o mundo terá, por algum tempo, que conviver com as duas agendas: de produção de energia pelas vias tradicionais, enquanto promove a transição energética.
- Temos cientistas muito capazes de oferecer os melhores pareceres para que a decisão seja tomada com muito embasamento. É uma área muito sensível do ponto de vista ecológico, que inspira cuidado pela sua riqueza. Aquela região do país é muito impressionante e o Brasil e as empresas têm suas prerrogativas de exploração. É possível compatibilizar? Não sou eu que vou responder, mas tem que ser tentado um esforço de verificar as melhores possibilidades - disse.
Segundo ele, o Brasil precisa olhar para a experiência internacional.
- Não é exclusividade do Brasil. Outros países da margem equatorial também tem petróleo. Então por que não verificar o que está acontecendo, a experiência da própria Petrobras na região, ela não está chegando agora e tem conhecimento. E aí de novo volto para a política. Quando é bem feita ela pode produzir os melhores resultados. E tomar as decisões mais duras ou não à luz dos fatos. Essa questão ambiental vai nos acompanhar, até resolver a questão da descarbonização - afirmou.