SAÚDE

Vape: aparelho faz mal para fumante passivo?

Cigarro eletrônico contém nicotina e outros produtos químicos, como substâncias tóxicas e metais pesados, que fazem mal principalmente para crianças e pessoas com problemas respiratórios

Cigarro eletrônico, vape - Pixabay

Os vapes estão cada vez mais presentes no dia a dia dos brasileiros. Apesar da percepção de serem menos prejudiciais à saúde, os vaporizadores contêm nicotina e outros produtos químicos o que os torna igualmente nocivos e viciantes, como os cigarros comuns. Mas, neste Dia Mundial sem Tabaco, fica o questionamento: os fumantes passivos também correm riscos de sofrer os efeitos negativos dos cigarros eletrônicos?

A resposta é sim.

— Já temos estudos mostrando que sim, especialmente em asmáticos que convivem com fumantes de cigarros eletrônicos — explica Débora Chong, pediatra e pneumologista do Hospital Pequeno Príncipe.

Embora algumas informações em relação ao fumo passivo desses dispositivos ainda estejam em fase de estudos, evidências mostram que o vapor pode conter diferentes quantidades de substâncias tóxicas e metais pesados. Por isso, a orientação de especialistas é evitar a exposição a ambientes onde estejam fazendo uso do cigarro eletrônico ou outras formas de tabaco.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso de vapes em ambientes fechados. Uma nova nota técnica do órgão regulador classificou os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs) como “produto fumígeno”. Por isso, a agência determinou que eles também se enquadram na lei nº 9294/1996, que torna “proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado”.
 

Nesta quarta, dia 31 de maio, é o Dia Mundial sem Tabaco, data estabelecida pela Organização Mundial da Sáude (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.

O tabagismo está ligado a vários problemas de saúde, que afetam todo o corpo, o ato de inspirar e expirar a fumaça do cigarro está diretamente relacionado ao desenvolvimento ou ao agravamento das doenças respiratórias, além de estar associado a vários tipos de câncer, como de pulmão e garganta.

Cerca de oito milhões de mortes por ano são relacionadas ao tabagismo, segundo a OMS. Dessas, 1,2 milhão (15%) são decorrentes da exposição ao fumo passivo, ou seja, de pessoas que não fazem uso do cigarro, mas por conviverem com quem fuma acabam inalando as substâncias nele contidas. A fumaça do cigarro comum tem mais de sete mil compostos e substâncias químicas. Desses, pelo menos 69 causam câncer, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Dentre os fumantes passivos, a atenção deve ser ainda maior com bebês, crianças ou pessoas com doenças respiratórias. O público infantil é mais suscetível aos malefícios do fumo passivo por terem as vias aéreas menores.

Quais são os riscos do fumo passivo?

Riscos do fumo passivo para o bebê durante a gravidez:

Aumento nos níveis de monóxido de carbono no sangue

Menor recebimento de oxigênio

Aborto espontâneo e morte fetal

Riscos do fumo passivo para o recém-nascido:

Parto prematuro.

Morte súbita infantil (risco aumentado em duas vezes).

Baixo peso ao nascer.

Riscos do fumo passivo para crianças e adolescentes:

Infecções de ouvido repetitivas

Resfriados constantes

Crises de asma

Pneumonia

Rinite aguda

Aumento da chance de tornar-se fumante no futuro