CIÊNCIA

Megalodonte: extinto, maior tubarão do mundo virou colar e foi achado em destroços do Titanic

Três vezes maior que tubarão-branco, espécie podia chegar a medir 18 metros de comprimento e pesar até 60 toneladas

Colar feito com dente de tubarão foi encontrado após varredura digital do Titanic - Reprodução

A maior espécie de tubarão do mundo foi extinta há três milhões de anos, mas um colar com os dentes do animal foi descoberto nesta semana em meio aos destroços do Titanic, que naufragou em 1912. Três vezes maior que o tubarão-branco, o megalodonte podia chegar a medir 18 metros de comprimento e pesar até 60 toneladas.

— A existência de um colar desses é extremamente rara, mas possível. Os tubarões podem ter até oito mil dentes ao longo da vida — disse ao GLOBO o biólogo marinho Marcelo Szpilman, diretor-presidente do AquaRio. — Eles não têm uma raiz, como os mamíferos. Os dentes eventualmente se perdem e são substituídos pelo que está atrás, como uma escada rolante. Quando caem, vão para o fundo do mar.

Imagens em 3D do navio foram analisadas pela empresa de mapeamento subaquático Magellan, que identificou o artefato. Agora, a companhia usa inteligência artificial para identificar o dono. Ainda neste mês, o primeiro registro tridimensional em tamanho real da construção também foi divulgado, o que pode ajudar os cientistas a determinar com mais precisão as condições da famosa embarcação.

Uma guerra pré-histórica
Em 2022, um estudo feito por pesquisadores da Universidade Johannes Gutenberg, na Alemanha, apontou que uma “guerra pré-histórica por comida” pode ter sido determinante para a extinção do megalodonte. A pesquisa, feita com os dentes fósseis do animal, revelou que ele teria passado a competir com o tubarão-branco no período em que a “oferta” de baleias e outras presas estaria reduzida.

De acordo com a rede britânica BBC, além das disputas no fundo do mar, a extinção da espécie também foi acelerada por razões que vão desde as mudanças climáticas até a redução do nível dos oceanos. Nas análises mais recentes sobre o fenômeno, que ainda instiga profissionais em todo o mundo, especialistas usaram isótopos de zinco nos dentes de tubarões vivos e extintos para entender a dieta da espécie.
 

As evidências químicas coletadas dessas amostras e de 13 dentes de megalodontes sugerem que ambos já tiveram posições semelhantes na cadeia alimentar, podendo ter competido pelo mesmo alimento. Segundo o paleontólogo e professor Thomas Tütken, que liderou o estudo, este é um indicativo de que havia disputas por “recursos alimentares nos oceanos na época em que ambos estavam vivos”.

— O mistério sobre o que o megalodonte comeu e até que ponto ele competiu com outros tubarões permanece — destacou a pesquisadora Catalina Pimiento, da Universidade de Swansea, no País de Gales. Ela ainda afirmou que a extinção da espécie foi estudada por “muitos ângulos diferentes” na última década, com estudos que sugerem vários fatores para o fenômeno.

Colar de luxo
Ao analisar as imagens em 3D, a empresa afirmou ter notado o formato de um dente de tubarão pré-histórico. Em seguida, uma inspeção mais detalhada confirmou que se tratava de um colar. Segundo o diretor da companhia, Richard Parkinson, o dente do animal foi moldado para o artefato, que também possui joias de ouro embutidas.

— Os dentes do megalodon são realmente grandes, mas são escuros, geralmente acinzentados, quase pretos. Assim como os outros tubarões, eles também perderam muitos dentes ao longo da vida. Alguns foram encontrados e fossilizados. Mas não é como os de hoje em dia, que tem milhares. Esses dentes são mais raros — ressaltou Szpilman.