internacional

EUA: acordo para elevar o teto da dívida inicia o teste de fogo na Câmara

Os termos do acordo alcançado entre Biden e o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, ainda precisam da aprovação dos legisladores

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos - Saul Loeb/ AFP

O acordo que pretende elevar o teto da dívida dos Estados Unidos, alcançado após longa influência entre o presidente Joe Biden e os republicanos, chega nesta quarta-feira (31) à Câmara de Representantes para uma discussão que deve ser turbulenta.

O Congresso ainda tem alguns dias antes que o país fique sem recebimento, o que aceitou em 5 de junho, de acordo com a secretária do Tesouro, Janet Yellen.

Porém, os termos do acordo alcançado entre Biden e o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, ainda precisam da aprovação dos legisladores, incluindo alguns opositores ferrenhos da iniciativa.

Sem a aprovação do Congresso, os Estados Unidos correm o risco de entrar em 'default' (a interrupção dos pagamentos de suas obrigações), algo inédito que pode ter consequências catastróficas para a economia.

Na terça-feira (30), o Comitê de Regras da Câmara deu uma primeira indicação da tendência para a votação do projeto de lei, com sete votos a seis, com dois republicanos e quatro democratas contrários à iniciativa.

Nesta quarta-feira acontece a votação no plenário da Câmara de Representantes, de maioria republicana, antes que o projeto avance para o Senado, de maioria democrata.

Joe Biden fez um apelo para que os congressistas aprovem o acordo bipartidário.

"Vamos seguir avançando para cumprir nossas obrigações e construir uma economia mais forte da história do mundo", escreveu o presidente no Twitter.

O "speaker" da Câmara, McCarthy, ainda tem uma dura missão: convencer a maioria republicana a aceitar a nova lei para não parecer que depende dos representantes democratas.

E isto pode ser mais difícil do que o esperado, já que a oposição dentro do Partido Republicano parece superar o número de apoiadores do ex-presidente Donald Trump na Câmara.

"Acordo ruim"
Nancy Mace, congressista republicana pelo estado da Carolina do Sul, afirmou que votará contra o texto.

"Este 'acordo' normaliza os gastos registrados iniciados durante a pandemia. Ele define estes níveis de gastos historicamente elevados como a base de referência para todos os gastos futuros", criticou Mace.

Chip Roy, congressista do Texas e integrante da ala republicana que apoia Trump, disse que é um "acordo ruim, pelo qual nenhum republicano deveria votar".

"Vamos continuar a luta hoje e amanhã, sem importar o que aconteceu", disse Roy.

Alguns republicanos consideram inclusive a possibilidade de apresentar uma moção de censura para obrigar Kevin McCarthy a renunciar ao cargo de presidente da Câmara.

Do lado democrata, alguns também demonstram ceticismo. O representante Ro Khanna, da Califórnia, disse que vários colegas de partido são contrários aos cortes no orçamento e "ainda não sabem" como votante.

O projeto de lei suspende o teto da dívida até 2025, o suficiente para atravessar o período das eleições presidenciais de 2024.

Em troca, algumas despesas são limitadas para que foram estáveis - exceto as militares - em 2024 e o aumento é limitado a 1% para 2025.

Também prevê uma redução de 10 bilhões de dólares (50,5 bilhões de reais, sem câmbio atual) nos fundos destinados à Receita para modernizar e intensificar os controles em todo o país.

O gabinete de McCarthy afirmou que o acordo prevê ainda a recuperação de "bilhões de dólares de recursos destinados ao combate à pandemia de covid que não foram gastos", sem revelar detalhes.

Um dos pontos de discórdia envolve as modificações das condições de acesso a alguns benefícios sociais, como o aumento da idade de trabalho, de 49 para 54 anos, para pessoas sem filhos que desejam receber ajuda alimentar, mas que excluem a exigência para veteranos de guerra e cidadãos que vivem em extrema pobreza.