INFLUENZA

Campanha de vacinação contra gripe termina esta quarta (31) no País; veja estados que vão prorrogar

Cobertura está pelo terceiro ano consecutivo abaixo da meta de 90%

Divulgação/Prefeitura de Camaragibe

Nesta quarta-feira (31), chega oficialmente ao fim a campanha nacional de vacinação contra a gripe de 2023 no Brasil. No entanto o Ministério da Saúde orienta que estados e municípios que ainda tenham doses em estoque continuem a aplicar os imunizantes. Diversas unidades da federação e capitais já anunciaram a prorrogação, como Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Salvador.

A orientação é importante especialmente no contexto em que novamente o país registra uma baixa adesão à campanha. Segundo dados do Vacinômetro, do Ministério da Saúde, apenas 41,4% dos 59,9 milhões de brasileiros que fazem parte dos grupos prioritários receberam a dose.

São eles os idosos com 60 anos e mais; os trabalhadores da saúde; as crianças de 6 meses a 5 anos; as gestantes; as puérperas; os povos indígenas e os professores. No ano passado e em 2021, a cobertura também ficou abaixo, e bem distante, da meta de ao menos 90%: em 68,1% e 72,8%, respectivamente.

O único estado que já atingiu a meta neste ano foi o Amapá, que conta com 90,7% dos grupos imunizados. O pior cenário é no Acre, onde apenas 22,2% receberam a proteção anual, seguido por Roraima, com 25%, e Rio de Janeiro, com somente 28,7% até esta quarta-feira.

Além disso, ainda que esses sejam os grupos de maior atenção, a campanha nacional conta com uma população-alvo total mais abrangente, que envolve 81,8 milhões de brasileiros. Isso porque também envolve pessoas com comorbidades; pessoas com deficiência permanente; caminhoneiros; trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso e trabalhadores portuários.

Também estão inclusos forças de segurança e salvamento; forças armadas; funcionários do sistema de privação de liberdade; população privada de liberdade com mais de 18 anos de idade e adolescentes e jovens em medidas socioeducativas.

Considerando toda essa população, a cobertura no país é ainda mais baixa, de apenas 22,34%. O cenário preocupa. O último boletim InfoGripe, da Fiocruz, apontou que os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) entre adultos associados à Covid-19 diminuem, porém aqueles causados pelos vírus da gripe (Influenza A e B) estão em alta.

Quem pode se vacinar contra a gripe?
A baixa procura levou o Ministério da Saúde a ampliar quem pode receber a vacina contra a gripe nos postos de saúde no último dia 15. Desde então, todos aqueles a partir de seis meses de idade podem se imunizar na rede pública.

A estratégia é uma tentativa de ampliar a cobertura e não desperdiçar doses. Ainda assim, a procura continuou baixa. A pasta recebeu e distribuiu 80 milhões de vacinas do Instituto Butantan, mas até agora aplicou menos da metade, somente 36,6 milhões.

“Quero conclamar a união de todos pelo nosso Movimento Nacional pela Vacinação, um movimento do Ministério da Saúde, dos estados, dos municípios e de toda a sociedade civil. A ciência voltou e precisamos retomar a confiança da população nas vacinas. Essa é uma missão de todos nós”, defendeu a ministra da Saúde, Nísia Trindade, em comunicado da pasta.

Importância da vacina da gripe
A proteção anual é importante para evitar justamente as hospitalizações e óbitos pela gripe em meio ao avanço da disseminação do vírus que ocorre sazonalmente com a chegada do inverno, em junho. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente entre 5% e 10% da população mundial é infectada pelo Influenza – e até 650 mil pessoas morrem. No Brasil, em 2022, foram mais de 10 mil internações e 1,5 mil óbitos associados à doença.

Como é a vacina da gripe?
A vacina é feita no Instituto Butantan, em São Paulo, e utiliza vírus inativados, ou seja, que não conseguem provocar a doença, mas induzem a proteção. Chamado de trivalente, ele protege contra as três principais cepas do vírus: Influenza A/H3N2, Influenza A/H1N1 e Influenza B/Victoria.

Para aqueles que recorrerem à dose oferecida na rede privada, há ainda a proteção contra a variante B/Yamagata junto às anteriores.

Vacina da gripe é aplicada em dose únicaO imunizante é aplicado anualmente no esquema de dose única. Porém, para as crianças a partir de seis meses que vão receber a proteção pela primeira vez, o ministério orienta que seja considerado um esquema de duas doses, com a segunda no intervalo de 30 dias após a primeira.

Pode tomar vacina da gripe e da Covid-19 no mesmo dia?
A dose da gripe pode ser administrada na mesma ocasião de outras vacinas, como a da Covid-19. Inclusive, como muitos grupos fazem parte do público-alvo de ambos os imunizantes, é uma boa ideia aproveitar a ida ao posto de saúde para colocar a proteção contra as duas doenças em dia.

Isso é importante especialmente no contexto de baixa adesão às doses bivalentes da vacina contra a Covid-19. Segundo o Vacinômetro do Ministério da Saúde, com dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) atualizados nesta quarta-feira, apenas 20,6 milhões receberam o reforço, embora todos os 178,1 milhões de brasileiros com mais de 18 anos estejam elegíveis (cobertura inferior a 12%).