Lula e Lira vão se reunir após novas derrotas do governo na Câmara
Presidente convocou encontro de emergência com articuladores políticos nesta manhã
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta quarta-feira (31) que encontrará com o presidente da Câmara dos Deputador, Arthur Lira (PP-AL) após o governo sofrer mais uma derrota na Câmara dos Deputados.
— Depois da reunião, eu falo com vocês -- afirmou o presidente a jornalistas na saída de um almoço com o Alto Comando da Aeronáutica.
Pela manhã, Lula e Lira conversaram por telefone. O presidente também se reuniu de última hora com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o líder do governo na Câmara, José Guimarães, no Palácio da Alvorada.
Nesta terça-feira, a Câmara a aprovou o texto-base do projeto de lei que estabelece um marco temporal para terras indígenas, em mais um sinal de fragilidade da base do governo. Além disso, a votação da MP que cria a nova estrutura do governo Lula foi adiada para esta quarta-feira, véspera do prazo de validade.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), orientou contra o texto do marco temporal durante a votação e disse que o Poder Executivo queria adiar a discussão, sinalizando um acordo para isso. Momentos antes de votar, no entanto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o governo não deu garantia de que iria cumprir o acordo.
Partidos como o MDB, PSD e União Brasil, que comandam ministérios na gestão Lula, deixaram, mais uma vez, de entregar os votos a favor do governo. Os partidos contribuíram para a aprovação do marco temporal das terras indígenas e entregaram 83% de seus votos em direção contrária aos interesses do Palácio do Planalto.
Lula chegou a determinar que o ministro Padilha fizesse reuniões com líderes partidários de legendas que possuem ministérios para cobrar fidelidade ao governo nas votações. Apesar dos encontros, segue o desalinhamento com os interesses do Planalto.
Além disso, o governo precisa aprovar até amanhã, na Câmara e no Senado, a MP que coloca de pé a estrutura de governo montada por Lula. Se isso não ocorrer, a esplanada voltará a ter a estrutura montada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e Lula só poderá propor alterações no próximo ano.
A previsão era que essa MP fosse votada na noite de ontem pela Câmara dos Deputados, mas acabou sendo adiada para a manhã desta quarta-feira.