"[Zanin] Se transformará num grande ministro", diz Lula sobre indicação ao STF
Presidente confirmou indicação de advogado para a Suprema Corte e afirmou que acredita na sua aprovação pelo Senado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a indicação de Zanin ao Supremo Tribunal Federal e afirmou que ele se transformará "em um grande ministro" da Suprema Corte.
-- Vocês já esperavam que eu ia indicar o Zanin, todo mundo esperava, não só pelo papel que ele teve na minha defesa, mas simplesmente porque ele se transformará em um grande ministro da Suprema Corte. Conheço as qualidades como advogado, como chefe de família e a formação do Zanin. Ele será um excepcional ministro se aprovado pelo senado e acredito que será e acho que o Brasil vai se orgulhar de ter o Zanin como ministro da Suprema Corte.
Mais cedo, o anúncio de que a escolha havia recaído sobre Zanin havia sido antecipado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A confirmação ocorre um dia após Lula se reunir no Palácio do Planalto com o advogado.
O presidente do Senado disse ainda que não há risco da indicação ser atrasada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por sabatinar o advogado antes de o nome dele ser submetido ao plenário da Casa. A análise da indicação de André Mendonça, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foi adiada por meses pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do colegiado.
— Sem risco, isso vai andar dentro da normalidade — disse Pacheco. — Eu já conversei com o presidente da comissão, o senador Davi Alcolumbre, que dará o andamento à mensagem na Comissão e vai fazer a sabatina, a apreciação do nome, e submeter ao plenário.
Lula tratou do tema da indicação de Zanin em reuniões realizadas ao longo de toda a quarta-feira. Nesta quinta-feira, Lula tem uma reunião com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado responsável por sabatinar e aprovar o nome de ministros do STF. O encontro está marcado para acontecer às 17h.
Segundo um ministro do STF ouvido pelo GLOBO, Lula ligou para a presidente do STF, ministra Rosa Weber, e confirmou que indicará Cristiano Zanin nesta quinta-feira. Os demais integrantes da Corte foram informados pela ministra, também segundo relatos de um magistrado à reportagem.
Como mostrou o GLOBO, Lula realizou um churrasco na última sexta-feira e teria indicado aos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes que indicaria Zanin até o final da semana. Interlocutores de Lula que participaram do churrasco afirmaram reservadamente que um dos tópicos de conversa dos magistrados com o presidente foi a sucessão para a vaga deixada por Ricardo Lewandowski, que se aposentou no último dia 11 de abril.
Quem é Zanin
Criminalista e atuante no direito econômico, empresarial e societário, Zanin tem 47 anos e ficou conhecido por seu trabalho na defesa de Lula na Lava-Jato.
O nome dele foi apontado como mais cotado à vaga desde o início do novo governo, quando declarações públicas de Lula reforçaram o seu favoritismo. Em março, o presidente disse em entrevista que, se indicasse Zanin, "todo mundo compreenderia que ele merecia ser indicado".
— Hoje, se eu indicasse o Zanin, todo mundo compreenderia que ele merecia ser indicado. Tecnicamente ele cresceu de forma extraordinária. É meu amigo, meu companheiro, como outros são meus companheiros — disse Lula em entrevista à GloboNews.
Formado pela PUC-SP, o advogado foi o autor, em 2021, do pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) que resultou na anulação das condenações de Lula, após a Corte ter reconhecido a incompetência e parcialidade do então juiz Sergio Moro. A anulação das sentenças restaurou os direitos políticos de Lula — que ficou preso por 580 dias —, o que possibilitou a candidatura nas eleições de 2022, em que foi eleito presidente da República pela terceira vez.
Natural de Piracicaba, no interior de São Paulo, Zanin e sua mulher, Valeska Teixeira Zanin Martins, atuam na defesa de Lula desde 2013 e respondem pelo presidente em basicamente todos os processos criminais contra ele. Após a operação Lava-Jato, o advogado fez a representação jurídica da campanha eleitoral do petista no ano passado e participou da transição do governo, quando ficou responsável pela área de "cooperação jurídica internacional".
Por ser advogado de Lula, Cristiano Zanin e a família foram algumas vezes hostilizados em lugares públicos. A última vez foi em 11 de janeiro, três dias após os atos golpistas em Brasília, ele foi ameaçado por um homem em um banheiro no Aeroporto de Brasília. O agressor gravou toda a cena, colocou nas redes sociais e, posteriormente, foi indiciado pela Polícia Civil do DF por três crimes.