Aprovação da MP dos Ministérios saiu caro para o Governo Lula
A negociação com a Câmara dos Deputados levou o presidente a liberar R$ 1,7 bi em emendas
Faltando poucas horas para perder a validade, a Medida Provisória da reestruturação dos ministérios do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aprovada ontem (1º) no Senado Federal.
Em um cenário bem mais tranquilo do que na Câmara dos Deputados, o texto foi referendado por 51 votos favoráveis, 19 contra e uma abstenção.
A votação ocorreu sob a tutela do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que segurou o quórum da sessão de quarta-feira (31) para reabrir a deliberação e garantir mais agilidade para aprovação da medida. Se a MP perdesse a validade, voltaria a configuração da Esplanada deixada pelo governo Bolsonaro, representando a pior derrota da gestão petista.
Antes de chegar ao Senado o texto da Medida Provisória sofreu uma série de alterações feitas pelo relator na Câmara, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), o que representou o esvaziamento das pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, ambas caras a Lula.
No bojo da MP, a Câmara ainda recriou a Fundação Nacional da Saúde (Funasa).
Após ter negociado diretamente com Lula, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deixou claro que não pretende colaborar com o Governo de forma tranquila:
"Importante que se diga, deixe claro, que daqui pra frente, governo vai ter que andar com suas pernas. Não haverá nenhum tipo de sacrifício".
Liberação de emendas
Segundo informações, o governo efetuou a liberação de um montante de R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares.
Para o professor e cientista político Elton Gomes, a fatura para que o Governo Federal pudesse contemplar os parlamentares se tornou elevada em razão de ele não conseguir montar uma aliança bem consolidada para votar seus interesses.
Segundo o professor, a dificuldade em aprovar a proposta vem da insatisfação do Centrão com o governo Lula no que diz respeito à demora no pagamento de emendas e nomeações de cargos nos Estados.
Já o também cientista político Antonio Henrique Lucena reforça que o Governo possui dificuldades em estreitar laços com a Câmara porque os instrumentos de barganha não estão claros.
“O preço do apoio cresceu muito e há a necessidade que haja um empenho mais direto do próprio presidente na negociação”, comentou. Ele acredita que a liberação dos R$ 1,7 bilhões acalmou os ânimos dos parlamentares.