Líder de ultradireita na Alemanha é acusado de usar slogan nazista
Acusação contra Björn Höcke foi anunciada dias depois do resultado de pesquisa de opinião que mostra crescimento do eleitorado do AfD, o partido de extrema direita alemão
O dirigente regional do partido de extrema direita da Alemanha AfD (Alternativa para a Alemanha) Björn Höcke foi acusado, nesta segunda-feira, de usar um slogan nazista durante a campanha eleitoral de 2021. A decisão de promotores alemães foi divulgada dias depois dos resultados de uma pesquisa que revelou um crescimento expressivo das intenções de voto no partido.
De acordo com promotores do estado de Saxony-Anhalt, Höcke repetiu durante discurso o lema "Alles für Deutschland" ("Tudo pela Alemanha”), usado pelas milícias nazistas SA, que vestiam camisas marrons e atuaram durante a ascensão de Adolf Hitler, nos anos 1930, até serem substituídas pelas SS – a conhecida e violenta polícia nazista de camisas pretas.
Höcke, de 51 anos, é o líder do partido na Turíngia – uma região que era parte da antiga Alemanha Oriental e onde o AfD tem força – e conhecido por pertencer à ala mais radical do partido. O evento em que o dirigente regional é acusado de promover o slogan nazista ocorreu em 2021, durante a campanha eleitoral, em uma reunião com cerca de 250 pessoas, em Merseburgo, no estado de Saxony-Anhalt. Qualquer apologia ao nazismo é crime na Alemanha.
Há dois anos, a agência de Inteligência doméstica alemã pôs o AfD sob vigilância por considerar que os integrantes mais radicais da legenda ofereciam ameaça potencial à ordem democrática. Na última sexta-feira, uma pesquisa de intenção de votos mostrou crescimento do eleitorado do partido que aparece em pé de igualdade como o Partido Social Democrata (SPD) do primeiro-ministro alemão Olaf Scholz.
Ascensão da extrema direita
O resultado da pesquisa alarmou as autoridades do governo de coalizão de centro-esquerda de Olaf Scholz – que reúne o SDP, os Verdes e os neoliberais do FDP e cujo desempenho foi o pior da história para um bloco no poder, de acordo com a Deutsche Welle. Apenas um a cada cinco alemães acham que eles fazem um bom trabalho.
Se as eleições fossem hoje, de acordo com a pesquisa, o AfD teria 18% dos votos, o mesmo índice atingido pelo SPD de Scholz. A sondagem é do instituto infratest-dimap, que ouviu 1.300 eleitores, entre os dias 30 e 31 de maio.
O partido estreou na política alemã em 2013 e ganhou impulso, a partir de 2015, com uma reação conservadora à abertura para concessão de asilo a refugiados sírios promovida pela então primeira-ministra Angela Merkel. Nas eleições gerais de 2017, o AfD atingiu 13% dos votos e chegou ao Parlamento alemão. Na última eleição nacional, em 2021, a legenda de ultradireita caiu para um índice de 10% do eleitorado.
Na pesquisa recente, os analistas também perguntaram aos eleitores do AfD os temas que os levariam a votar na extrema direita. O resultado mostrou forte apoio às políticas anti-imigração (65%), mas também revelou um viés expressivo contra a conduta ambiental do governo (47%), segundo a Deutsche Welle
Em fevereiro, Scholz e o SPD sofreram uma derrota acachapante nas eleições regionais em Berlim, ficando em segundo lugar, atrás dos rivais conservadores na capital considerada um reduto social-democrata há duas décadas.