Queda de avião nos EUA: entenda o envio de caças F-16 e como serão as investigações do caso
Avião civil caiu no Estado da Virgínia após ser perseguido por aeronaves militares, em um procedimento padrão, segundo autoridades, quando há a identificação de um voo inseguro
A queda de um avião privado no Estado americano da Virgínia, após ser perseguido por caças F-16 da Força Aérea dos EUA, chamou a atenção do mundo pela ação envolvendo os modernos jatos de guerra, que provocaram um "boom supersônico" percebido em Washington, capital americana.
O avião de modelo Cessna 560 Citation V decolou do aeroporto de Elizabethton, no Tennessee, com destino ao aeroporto Long Island MacArthur, em Nova York. De acordo com o site de rastreamento de voos Flightradar24, depois de voar sobre Long Island, em vez de pousar, a aeronave deu a volta e seguiu uma trajetória em linha-reta, passando por Washington e Virgínia, antes de colidir contra um terreno montanhoso próximo da Floresta Nacional George Washington.
Agulha no palheiro
Embora os Estados Unidos tenham provavelmente o espaço aéreo mais monitorado do mundo, identificar uma única atividade em meio ao movimentado tráfego nos céus do país é um desafio para as diferentes agências envolvidas no controle — de acordo com a Administração Federal de Aviação, cerca de 45 mil voos são monitorados todos os dias.
Apesar disso, a rota tomada pelo Cessna chamou a atenção das agências, principalmente pelo trajeto em direção a Washington, onde há áreas restritas para a aviação civil, pela presença dos órgãos de tomada de decisão no país, como a Casa Branca e o Congresso.
Protocolo padrão
A partir da identificação da aeronave e de seu trajeto e velocidade, a Administração Federal de Aviação iniciou uma tentativa de contato com o piloto do avião particular pelo sistema de rádio, mas não obteve resposta. Mais tarde, investigadores disseram trabalhar com a hipótese de que ele tenha perdido a consciência.
Sem conseguir contato com a aeronave, o órgão federal acionou o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad, na sigla em inglês), a quem solicitou o envio dos caças F-16 para averiguar de perto a situação. De acordo com as autoridades envolvidas, o envio de aeronaves militares é um procedimento padrão quando é detectado que um outro avião está voando de forma insegura.
Interceptação sem abate
Em comunicado emitido após a situação ter seu desfecho, o comando da Norad informou que os aviões enviados a Washington no domingo receberam autorização para voar a velocidades supersônicas e a disparar sinalizadores, na tentativa de forçar uma resposta do piloto. Novas tentativas de comunicação via rádio foram feitas, mas sem sucesso.
O comando da missão confirmou que o avião foi interceptado às 15h20 (16h20 em Brasília) do domingo — o que significa dizer que foi neste horário que as aeronaves se encontraram no céu. No entanto, não houve o abate da mesma — algo que seria extremamente raro, uma vez que a autorização para derrubar uma aeronave civil é um tema delicado do ponto de vista internacional, sendo necessário a avaliação de alguma atitude hostil.
Investigações
Após a queda do avião particular, que atingiu o solo com uma velocidade aproximada de 550 km/h, a investigação agora é responsabilidade do National Transportation Safety Board, uma agência federal independente encarregada pelo Congresso de investigar todos os acidentes de aviação civil no país, e também de outros meios de transporte, eventualmente.
Adam Gerhardt, um investigador do National Transportation Safety Board, disse a repórteres na segunda-feira que a agência ficaria no local por pelo menos três a quatro dias. Ele disse que os destroços estavam “altamente fragmentados” e descreveu a área como rural e montanhosa.