Itaú Unibanco negocia venda de unidade argentina para Banco Macro
As conversações ocorrem no contexto de uma grave crise no país vizinho
O Itaú Unibanco, maior credor da América Latina, informou que negocia com o argentino Banco Macro a venda de sua unidade no país vizinho. Até o momento, nenhum documento vinculante foi assinado, acrescentou a instituição financeira com sede em São Paulo, em comunicado.
As negociações ocorrem no contexto de uma grave crise na Argentina, com uma economia em contração e inflação anual acima de 100% nos últimos meses. A Argentina também se prepara para eleições presidenciais ainda este ano.
Embora o Itaú seja um gigante na região, na Argentina ocupava o 18º lugar em ativos em janeiro, no valor de 411 bilhões de pesos (US$ 2,3 bilhões pela taxa de câmbio oficial), enquanto a Macro era a quinta maior com 2,1 trilhões de pesos, de acordo com o banco central argentino.
As American Depositary Receipts do Banco Macro saltaram até 8,8% em Nova York para cerca de US$ 20,90, o maior valor desde meados de abril, enquanto as ações do Itaú subiram até 0,9% em São Paulo.
Além da inflação galopante e da desaceleração do crescimento econômico, a taxa real de juros está negativa, tornando mais difícil para os bancos obterem lucro no ambiente atual, que inclui a proibição de transferir dividendos para o exterior. O crédito ao setor privado é inferior a 15% do PIB.
“A situação atual representa uma boa oportunidade para grupos locais”, disse Federico Mac Dougall, sócio e consultor financeiro da Deloitte para a América Latina. “Com essas compras incorporadas ao seu negócio, eles podem obter lucros rapidamente e um possível aumento no valor dos ativos no futuro.”
O retorno sobre os ativos dos bancos estrangeiros na Argentina caiu para 2,6% nos últimos 12 meses, de níveis entre 5% e 10% em 2019, segundo dados do banco central até março.
Banco Macro tem um valor de mercado de US$ 1,3 bilhão, enquanto o valor de mercado do Itaú é de R$ 247 bilhões (US$ 50 bilhões).
O Itaú está presente na Argentina desde 1979, com foco inicial no apoio às atividades de grandes empresas com relações comerciais com o Brasil. Em 1998, fez sua maior aposta no varejo ao comprar o Banco del Buen Ayre por US$ 225 milhões e se tornar o 12º maior banco no país.