Investigado por "trabalho remoto" nos Alpes foi ministro de Bolsonaro por dois dias; saiba quem é
Político pode disputar cargo de prefeito de São Miguel da Barra (AL) contra pai de presidente da Câmara
Ex-secretário executivo do Ministério do Turismo, José Medeiros Nicolau se tornou alvo, nesta segunda-feira, de um processo na Comissão de Ética Pública da Presidência após ter declarado estar de "trabalho remoto" enquanto esquiava nos alpes franceses. Ele chegou a ser ministro do Turismo no governo de Jair Bolsonaro já depois do episódio que motivou a apuração. O político, conhecido como Zezeco, assumiu o posto de forma interina por dois dias, em 2022, durante uma viagem do então titular da pasta, Carlos Brito.
O caso que motivou o processo noticiado pelo colunista Lauro Jardim aconteceu em fevereiro do ano passado, quando o então servidor divulgou em sua agenda oficial que passou a semana cumprindo "despachos internos" na sede da pasta, em Brasília, mas estava a 8.732 quilômetros da capital, esquiando nos alpes franceses. À época, Zezeco alegou que manteve a agenda normal de trabalho por meio remoto, da França.
Mesmo após a divulgação do episódio, o então ministro do Turismo, Gilson Machado, optou por manter o servidor no cargo. Ele foi, inclusive, promovido, e a remuneração, que era de aproximadamente R$ 13,6 mil, passou para R$ 16,9 mil, segundo o Portal da Transparência.
Foi após a promoção, em junho de 2022, que Zezeco chegou a ser ministro do Turismo por dois dias. O fato ocorreu durante uma viagem internacional de Carlos Brito, que havia substituído Machado dois meses antes, para que o antecessor concorresse a uma vaga no Senado por Pernambuco. Em suas redes sociais, Zezeco até comemorou o feito.
"Um dia para ficar marcado para sempre na minha trajetória pública. Tive a honra de assumir o Ministério do Turismo como Ministro de Estado, uma missão rápida, mas que me deixa muito orgulhoso de colaborar com o nosso Brasil", escreveu.
Nicolau foi indicado ao cargo no ministério pelo centrão, quando era aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira. No posto, se aproximou de Gilson Machado e se tornou um defensor ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Antes do cargo no ministério, Zezeco era prefeito de São Miguel da Barra, em Alagoas, cidade natal do presidente da Câmara e que atualmente tem como gestor Benedito de Lira, mais conhecido como Biu de Lira, pai de Arthur Lira. O ex- secretário do Ministério do Turismo, inclusive, apoiou a candidatura do sucessor.
O cenário para a próxima eleição, no entanto, é incerto. No município, interlocutores afirmam que a campanha de Zezeco para Bolsonaro em Alagoas na última eleição gerou o afastamento dele e do presidente da Câmara, e a expectativa é que Zezeco seja candidato novamente a prefeito em 2024 sob a alcunha de "candidato do Bolsonaro", disputando o posto contra Biu de Lira, que tentará a reeleição.