DEPUTADO CASSADO

"Vou recorrer até o fim", diz Deltan após Câmara confirmar cassação do mandato

Mesa da Casa endossou decisão do TSE que tirou seu mandato de deputado

Deltan Dallagnol - Acervo/Câmara dos Deputados

O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou nesta terça-feira (6) que vai tentar retomar o mandato, encerrado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— Mais uma vez o Poder Legislativo decidiu se curvar à criação da lei pelo Poder Judiciário. Hoje a casa do povo se curva contra a vontade do povo — disse o ex-procurador em entrevista coletiva.

— Eu vou lutar até o fim pelos 345 mil eleitores. Vou recorrer até o fim não por um cargo, por um mandato, mas por todas aquelas pessoas que saíram das suas casas com título de eleitor na mão para depositar nas urnas aquilo que é a principal e mais valiosa ferramenta de uma democracia, que é o voto — completou.

A Mesa Diretora da Câmara confirmou nesta terça-feira a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Casa acelerou o trâmite e confirmou a perda do mandato apenas uma semana depois de o ex-procurador apresentar sua defesa. O político queria que a Câmara aguardasse o Supremo Tribunal Federal (STF) analisasse um recurso dele contra a decisão da Justiça Eleitoral. Deltan e a Casa também entraram em conflito no processo de notificação da corregedoria.

Deltan ainda criticou o ministro do TSE Benedito Gonçalves, relator da sua cassação, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

— Hoje eu sou cassado pela mãos de um ministro delatado do Tribunal Superior Eleitoral e a partir das mãos de um deputado acusado da Câmara — disse.

Em entrevista ao Globo, o ex-procurador disse que chegou a tentar conversar com Lira sobre a cassação, mas não conseguiu ser atendido.

Na segunda-feira, o ex-procurador teve que prestar depoimento à Polícia Federal por dizer, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, que haveria interesses políticos por trás dos votos dos ministros do TSE favoráveis à cassação.

Em nota, a Câmara afirmou que a reunião não discutiu "o mérito da decisão da Justiça Eleitoral" e que fez apenas "uma análise formal" da decisão da Justiça. "Não há que se falar em decisão da Câmara dos Deputados, mas apenas em declaração da perda do mandato pela Mesa", disse a Casa.

O TSE decidiu cassar o mandato do ex-procurador por entender que ele saiu do cargo de no Ministério Público Federal (MPF) visando evitar uma punição disciplinar. O deputado nega e tem declarado que a saída foi para ajudar em uma pré-campanha do ex-juiz Sergio Moro, que no final de 2021 tentava se viabilizar como candidato à Presidência, mas depois acabou indo ao Senado. Deltan foi o chefe da força-tarefa da Lava Jato no MPF do Paraná.

Apesar de ter reunido o apoio de dezenas de parlamentares em um pronunciamento feito no dia da decisão do TSE, sua atuação na operação rendeu a inimizade de diversos políticos. Em entrevista ao GLOBO, o ex-procurador disse que chegou a tentar conversar com Lira sobre a cassação, mas não conseguiu ser atendido.