"Cemitério" de roupas no deserto do Atacama já é visível do espaço; veja imagem
Empresa SkiFi flagrou lixão durante monitoramento via satélite
Um lixão clandestino que se tornou o "cemitério" da moda descartável no deserto do Atacama, no Chile, cresceu tanto nos últimos anos que já é visível do espaço. O alerta é da empresa de monitoramento SkiFi, que flagrou a "gigante montanha" de desejos têxtis por meio de um satélite.
A revista especializada em moda "Dazed" aponta que o espaço, na localidade chilena de Alto Hospicio, acumula 60 mil toneladas de roupas.
Faz anos que a região se transformou num lixão clandestino de vestes compradas e descartadas, oriundas de Estados Unidos, Europa e Ásia. São, em geral, peças de marcas do chamado "fast fashion", mais baratas e de alta rotatividade no mercado.
A ONU já chegou a classificar o lixão como "uma emergência ambiental e social". Para a empresa SkyFi, o flagra via satélite evidencia os perigos do consumo de itens de materiais de baixa durabilidade e tendências voláteis.
"O tamanho da pilha [de vestes] e a poluição que está causando são visíveis do espaço, o que torna claro que existe a necessidade de mudança na indústria da moda. Nossa missão de tornar os dados de observação da Terra fáceis e transparentes é vital para identificar e gerenciar problemas como este", afirmou a companhia.
O "cemitério" das roupas já se inseriu na economia da região, ocupada por comunidades em vulnerabilidade social. Moradores costumam ir ao lixão para pegar itens e tentar revender. Ainda assim, a atuação não dá vazão à quantidade de peças descartadas que chega todos os anos ao Chile.
De acordo com Franklin Zepeda, fundador da EcofibraFranklin Zepeda, fundador da Ecofibra, as roupas não são biodegradáveis e podem conter produtos químicos tóxicos, o que gera riscos para a população local e cria obstáculos para o descarte alternativo desse lixo.
Segundo a revista "Dazed", apenas 15% das roupas descartadas no deserto do Atacama foram efetivamente usadas pelos donos. A maioria são simplesmente jogadas fora pelas próprias empresas, que renovam o estoque a cada nova tendência.
Estimativas do ONU apontam que a proporção é a mesma em escala global: cerca de 85% de tudo o que é produzido pela indústria têxtil acaba em lixões. Com isso, ainda de acordo com a ONU, a indústria do fast fashion já é responsável por entre 2% e 8% de toda a emissão de carbono do planeta.