MINISTRO DO STF

André Mendonça faz discurso religioso na Marcha para Jesus e lembra demora para ser sabatinado

Ministro afirmou que país não será transformado pelo poder de um presidente

Ministro do STF André Mendonça discursa na Marcha para Jesus - reprodução/vídeo YouTube

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça subiu ao palco da Marcha para Jesus no fim da tarde desta quinta-feira (8), em São Paulo, e fez um forte discurso religioso, no qual agradeceu as orações ao longo dos seis meses em que esperou para ser sabatinado no Senado, após ser indicado ao Supremo pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi indicado em julho de 2022, mas só foi submetido à sabatina na casa legislativa em dezembro.

— Ao longo da minha caminhada, ao longo daqueles seis meses em que eu esperei aquela sabatina, muitos de vocês, se não todos, oraram por mim. Cada lágrima minha, cada dor, cada porta na cara, cada momento difícil foi possível sustentar porque vocês oraram por mim. E durante muitos daqueles dias e, principalmente, quando eu recebi o resultado e as imagens que ficaram. Eu peço que vocês revejam aquelas imagens que está no YouTube, quando eu recebo o resultado da apuração. Pastores se dobrando, havendo manifestação do espírito santo e eu abraçando a minha esposa e os meus filhos — falou o ministro.

Em tom de pregação, Mendonça ainda disse que tem orado para que Deus “mande um avivamento para o país”, que segundo ele não será transformado “pelo poder de um presidente, de um governador ou de um ministro”, mas, sim, “pelo poder de Deus”.

Em entrevista à Marcha para Jesus logo após o discurso, o segundo ministro do STF a ser indicado por Bolsonaro ainda afirmou que busca a Deus antes de tomar suas decisões no tribunal.

— Tenham certeza que nos momentos mais difíceis, nas decisões mais complexas, eu busco a direção de Deus, a sabedoria que Salomão buscou e o entendimento que Daniel buscou para dar as respostas. Eu não sou perfeito e nem vou aceitar sempre, mas esse princípio eu não vou perder. Mas é uma responsabilidade muito grande, porque eu sei que muitos olham querendo ver os defeitos e outros olham querendo talvez buscar um espelho e eu sei que Deus vai estar comigo, e que ao longo dessa caminhada Deus vai estar comigo.

Logo após o ministro, subiu ao palco brevemente o secretário estadual de Governo e Relações Institucionais de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD),que chamou a marcha de “festa da inspiração que o Brasil merece”.

Mais cedo, o evento, que ocorreu na Zona Norte de São Paulo, contou com uma fala do advogado-geral da União Jorge Messias, que foi vaiado ao citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ovacionado pelos presentes. Mendonça também recebeu muitos aplausos, o que mostra uma adesão maior dos evangélicos às figuras políticas da direita e distanciamento da esquerda. O presidente Lula foi convidado, mas recusou.

O evento, que em edições passadas contou com a presença do então presidente Bolsonaro e de membros de primeiro escalão do governo, neste ano teve tom político mais comedido. Não havia faixas e bandeiras com menção ao ex-presidente e ele tampouco foi citado nos discursos, como ocorreu nas últimas edições. Também compareceram a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes (PL), o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP) e o deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP), mas não discursaram. Ricardinho Nunes, filho do prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), estava no palco, já que seu pai fora do país e não pôde comparecer.