Guterres mantém confiança em emissário, declarado 'persona non grata' pelo Sudão
Em comunicado, o secretário-geral lembra que a doutrina da persona non grata não é aplicável ao pessoal das Nações Unidas
A declaração, por parte do governo sudanês, do enviado da ONU como "persona non grata", é "contrária" aos princípios da ONU e "não aplicável", disse, nesta sexta-feira (9), o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, destacando que o status do alemão Volker Perthes "não mudou".
"O status do senhor Perthes atualmente não mudou e a posição do secretário-geral continua sendo a expressa perante o Conselho de Segurança na semana passada", disse Stéphane Dujarric, em alusão à "confiança absoluta" reafirmada então por António Guterres no titular da missão da ONU no Sudão.
"O secretário-geral lembra que a doutrina da persona non grata não é aplicável ao pessoal das Nações Unidas, e sua invocação é contrária às obrigações dos Estados em virtude da Carta das Nações Unidas", acrescentou.
O comandante do exército sudanês, general Abdel Fatah al Burhan, havia exigido, no fim de maio, em carta endereçada ao secretário-geral da ONU, a destituição de Volker Perthes, a quem responsabilizou pela guerra iniciada em meados de abril com os paramilitares do general Mohamed Hamdan Daglo.
Na madrugada desta sexta, o Ministério das Relações Exteriores do Sudão anunciou que o governo havia "notificado" António Guterres que declarou Volker Perthes "persona non grata a partir de hoje".
O emissário, que estava em Nova York quando o general Burhan enviou a carta exigindo sua destituição, encontra-se atualmente em Adis Abeba. "Compartilharemos qualquer novidade", disse Stéphane Dujarric.