RELEMBRE O CASO

Crianças encontradas na selva colombiana: avião já havia quebrado e cão farejador sumiu nas buscas

Nesse primeiro acidente, o aparelho sofreu danos estruturais e não foram feitas as revisões necessárias para mantê-lo em operação

Avião que transportava crianças indígenas colombianas quebrou durante o voo - Divulgação / Exército colombiano / AFP

O avião que transportava as quatro crianças indígenas encontradas nesta sexta-feira (9) na selva amazônica colombiana, após 40 dias desde o acidente no dia 1º de maio, já havia quebrado em 2021, segundo o El País.

As sobreviventes estão bem de saúde, apesar de desidratadas e cheias de picadas de mosquito, assegurou o presidente colombiano Gustavo Petro, destacando a sobrevivência em condições extremas da bebê, que completou um ano enquanto as autoridades os procuravam.

Segundo Petro, que celebrou a notícia no Twitter, as crianças estão recebendo atendimento médico em San José del Guaviare, a cidade mais próxima do local onde foram resgatadas. Depois serão transferidas para Bogotá ou Villavicencio, conforme a decisão dos médicos. Apesar de celebrar a notícia de as crianças terem sido encontradas com vida, o presidente também lamentou o fato de que o cão farejador chamado Wilson, que auxiliou as equipes nas buscas, ainda está desaparecido.

As crianças se chamam Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos; Soleiny Jacobombaire Mucutuy, de nove anos; Tien Noriel Ranoque Mucutuy, de quatro anos, e Cristin Neriman Ranoque Mucutuy, que completou um ano enquanto ainda estava perdida.

No dia 1º de maio, o avião em que viajavam com três adultos caiu em plena selva amazônica colombiana, no Rio Apaporis. O piloto chegou a alertar a torre de controle sobre uma falha de motor antes de perder altitude abruptamente, mas a aeronave acabou se chocando contra algumas árvores na sequência. Todos os adultos que estavam no avião (a mãe das crianças, o piloto e uma liderança indígena) morreram no acidente.
 

Não se sabia mais sobre todos os ocupantes da aeronave até o dia 17, quando alguns rastreadores indígenas encontraram o avião destruído. Lá havia os cadáveres dos três adultos, mas nenhum sinal das crianças. Itens e roupas encontrados nos arredores deram às autoridades esperança de que as crianças estivessem vivas.

Então, mais de 100 militares e indígenas da região, auxiliados por cães farejadores, seguiram as trilhas deixadas pelas crianças enquanto caminhavam pela selva entre os departamentos de Guaviare e Caquetá, no Sul do país.

Avião quebrou em 2021
Segundo o El País, o avião das crianças já havia se acidentado em Vaupés, em julho de 2021. Não houve mortes, mas ficou destruído. O aparelho foi consertado sem consultar a fabricante, pois assim a restauração ficava mais barata para eles. Era uma aeronave fabricada em 1982, nos Estados Unidos e, quase 40 anos depois, levada para a Colômbia, em 2019. Nesse primeiro acidente, o aparelho sofreu danos estruturais e não foram feitas as revisões necessárias para mantê-lo em operação.

Ainda de acordo com o jornal, as crianças viajavam para encontrar o pai, que havia fugido de Araracuara, no departamento de Caquetá, onde morava toda a família. Manuel Ranoque havia recebido ameaças de morte de um dos grupos guerrilheiros daquela zona de selva e se refugiou na cidade de Villavicencio.

Seu desaparecimento era um mistério até que ele ligou para a própria casa semanas depois, pedindo a todos que fosse encontrá-lo. A esposa, Magdalena Mucutuy, e os quatro filhos embarcaram no Cessna 206, matrícula HK 2803, conduzido por um homem que já havia sido motorista de táxi. (Com El País.)