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Unipar apresenta proposta para comprar fatia de controle da Braskem

Oferta foi feita à Novonor, antiga Odebrecht, prevendo pagamento de parte da dívida com credores da empresa

Braskem - Divulgação

A petroquímica Unipar apresentou uma proposta não vinculante para comprar fatia de controle na Braskem, segundo fato relevante divulgado ao mercado no sábado. A oferta, relevada pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim, foi apresentada à Novonor (antigo Grupo Odebrecht e em recuperação judicial), que é um dos acionista da Braskem.

A Braskem é líder no mercado de resinas termoplásticas (polietileno, polipropileno e PVC) das Américas, enquanto a Unipar vem na segunda colocação na produção de PVC na América do Sul, sendo a principal produtora de cloro e soda na região.

A proposta da Unipar vai disputar espaço com a oferecida pelo fundo americano de private equity Apollo Global Management e a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a estatal de petróleo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, apresentada há um mês e que pode chegar a R$ 36 bilhões, segundo fontes do setor.

Antes disso, em 2019, a LyondellBasell tentou comprar a Braskem.

Negociação com credores da Novonor
A Novonor detém 38,3% do capital total da Braskem. A outra grande acionsista da petroquímica é a Petrobras, com 36,1%. Com isso, as negociações incluirão também a petroleira estatal.

A Unipar propõe fazer uma oferta pública de ações a acionistas minoritários detentores de ações ordinárias e preferenciais de classes A e B da Braskem. Haveria também uma oferta para comprar até a totalidade das ADRs (recibos depositários americanos) listadas na Bolsa de Nova York.

A aquisição da fatia da Novonor na Braskem, destaca a Unipar, depende do cumprimento de condições específicas, como negociações com a Petrobras e também com os bancos credores da Novonor. Dentro do processo de recuperação judicial da antiga Odebrecht, as ações da petroquímica foram dadas como garantias a essas instituições financeiras.

Pela proposta, não haveria pagamento integral dos bancos credores, sendo preciso acordar novas condições ao saldo da dívida que ficaria remanescente ao acordo. A possibilidade seria fazer um refinanciamento da dívida, trocando parte do débito atual por debêntures (títulos de dívida). Penderiam ainda aprovações de órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A nossa proposta prevê um equilíbrio entre os interesses e necessidades da Novonor, Petrobras, acionistas minoritários e bancos credores da Braskem”, diz Bruno Uchino, presidente do Conselho da Unipar, em comunicado.

Passivo de Maceió 'é central'
O tremor de terra registrado em Maceió em 2018, que resultou em afundamento de cinco bairros da capital alagoana em decorrência da mineração feita pela Braskem na região e pelo qual o governo local cobra indenização da companhia na Justiça, também é citado na proposta.

“O evento geológico em Alagoas ocupa um papel central nas negociações”, destaca a Unipar, esperando “haver uma negociação final de uma solução, de forma satisfatória a todos os agentes públicos e partes relacionadas e que atenda plenamente as comunidades e pessoas atingidas”.

A Braskem tem um provisionamento superior a R$ 6 bilhões relativos a esse evento geológico em Maceió, conforme consta no balanço financeiro da companhia.

A Novonor, pela oferta da Unipar, tem a opção de continuar com uma participação minoritária indireta na Braskem.