STF

Ministros indicados por Bolsonaro ao STF participam de articulação a favor de Zanin

André Mendonça tem ajudado o advogado pessoal do petista nos contatos com a bancada evangélica, enquanto Nunes Marques age para tentar diminuir a resistência ao nome entre apoiadores do ex-presidente

Os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça - Reprodução/TV Justiça

Indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques têm ajudado a pavimentar, nos bastidores, o caminho do advogado pessoal de Lula, Cristiano Zanin, rumo à Corte.

Evangélico, Mendonça vem atuando para convencer deputados e senadores do segmento cristão a dar uma chance ao nome escolhido pelo atual presidente, enquanto Nunes Marques busca reduzir a resistência a Zanin junto à bancada bolsonarista.

O aceno da dupla a Zanin ocorre desde o dia em que Lula o indicou. Ao ser questionado por jornalistas, na ocasião, sobre como via uma possível nomeação do advogado, Nunes Marques caracterizou a escolha do presidente como "ótima".

Na semana passada, o ministro ajudou a organizar um jantar entre Zanin e os senadores do PL Carlos Portinho (RJ) e Jorge Seif (SC). O encontro ocorreu na residência do advogado Djaci Falcão Neto, filho do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão. Integrante da Comissão de Segurança e Justiça (CCJ), Portinho afirmou ao GLOBO que votará a favor da indicação na sabatina, marcada para o dia 21.

Já no campo evangélica, Mendonça faz o mesmo trabalho, mas com a ajuda do deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP):

— Ele (André Mendonça) é um líder muito forte no Judiciário e tem ajudado para que a direita entenda que Zanin é um bom nome.

Veja o placar: Com aval de senadores do PL, maioria da CCJ declara que votará para aprovar indicação de Zanin ao STF

A direita a que Cezinha se refere tem nomes como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Rogério Marinho (PL-RN), que ouviram a recomendação do ministro para receber e escutar o indicado de Lula.

O consenso entre Mendonça e Cezinha é de que Zanin é um homem conservador e cristão, que está ao lado dos evangélicos. Em recentes encontros, o advogado tem dito que acredita que temas caros aos religiosos, como o aborto e a legalização das drogas, são matérias do Legislativo. Ou seja, compromete-se a não judicializar essas bandeiras.

Na Marcha para Jesus em São Paulo, Mendonça afirmou que Zanin é "um grande jurista" e deu sua benção, de forma pública.

E não são apenas Nunes Marques e André Mendonça que têm ajudado nesta movimentação. De acordo com a colunista Bela Megale, Gilmar Mendes e Dias Toffoli também vêm participando de conversas com parlamentares.

Na sabatina, Zanin ficará frente a frente com opositores de Lula, como Sergio Moro (União Brasil-PR) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Dos atuais 26 titulares da CCJ, 14 disseram ao GLOBO que vão votar a favor da nomeação, incluindo integrantes da oposição, e apenas 5, contra, o que já garantiria a maioria.

Em seguida, Zanin será votado pelo plenário da Casa e precisa da maioria absoluta, ou seja, ao menos 42 votos para ser nomeado ministro do STF.

A reportagem entrou em contato com o gabinete dos ministros, mas não obteve retorno até a data desta publicação.