Contagem regressiva para apresentação de Trump à justiça por documentos secretos
O bilionário, que pretende voltar ao poder ano que vem, é alvo de 37 acusações, entre elas "retenção ilegal de informação relacionada com a segurança nacional"
Donald Trump vai se apresentar à justiça na terça-feira (13) a uma corte de Miami, acusado de ter ficado com documentos confidenciais após deixar a Casa Branca, mas o ex-presidente americano continua contando com o apoio de seus seguidores para as presidenciais de 2024.
O bilionário, que pretende voltar ao poder ano que vem, é alvo de 37 acusações, entre elas "retenção ilegal de informação relacionada com a segurança nacional", "obstrução da justiça" e "falso testemunho".
Nas caixas de documentos que ele guardou (alguns deles armazenados em um banheiro) estão segredos nucleares, segundo a ata de acusação de 44 páginas revelada na sexta.
Violar as leis de segurança nacional "põe nosso país em perigo", disse o promotor especial Jack Smith, que supervisionou a investigação durante meses.
O empresário de 76 anos considera-se vítima de uma "caça às bruxas", destinada a obstruir sua candidatura presidencial e culpa "a esquerda radical".
Por enquanto, os republicanos cerram fileiras em torno dele, mas algumas personalidades se disseram surpresas pelo conteúdo dos documentos.
Entre elas, seu ex-ministro da Justiça Bill Barr, que se tornou um de seus críticos. No domingo, ele se disse chocado com "o grau de sensibilidade destes documentos e sobre quantos havia".
"Se só a metade disto for verdade, então (ele) está queimado", disse Barr à Fox News. "É uma acusação muito detalhada e é muito, muito condenatória", acrescentou.
Problemas judiciais
Esta é a primeira vez que um ex-presidente americano é acusado em nível federal.
Mas Trump já tinha sido denunciado por fraudes contábeis pela justiça do estado de Nova York, devido a um pagamento feito antes das eleições presidenciais de 2016 para calar uma atriz de filmes pornô que diz ter sido sua amante.
Trump chegou em seu avião particular a Miami, onde se apresentará na terça às 15h locais (16h de Brasília) perante um tribunal federal. Segundo uma de suas advogadas, ele dirá que não é culpado.
Nos Estados Unidos, a legislação obriga os presidentes a enviarem todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais e outra proíbe guardar segredos de Estado em locais não autorizados e inseguros.
Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca para ir morar em sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida, Donald Trump levou consigo dezenas de caixas cheias de arquivos. E, segundo a ata de acusação, fez o que pode parar ficar com eles, apesar de a justiça pedir que os devolvesse.
Desconhece-se o impacto que o caso terá em suas chances de se tornar o candidato republicano nas eleições presidenciais.
Muitos de seus apoiadores estão convencidos de que ele é vítima de um complô e o apoiam, mas não se descarta que o fato de os documentos estarem vinculados à segurança nacional possa prejudicá-lo.
Uma pesquisa recente do Instituto YouGov mostrou que apenas metade dos entrevistados considera grave falsificar documentos contábeis para comprar o silêncio de uma atriz pornô sobre um suposto caso.
Mas dois terços dos entrevistados consideram que ter levado consigo documentos secretos de Defesa da Casa Branca e dificultado as tentativas das autoridades de recuperá-los é grave.
Os problemas judiciais de Trump não se limitam a estes casos.
Um promotor da Geórgia vai anunciar até setembro o resultado de uma investigação sobre se Trump fez pressão para tentar alterar o resultado das eleições presidenciais de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden.
Em Miami, as autoridades reforçaram a segurança após convocações nas redes sociais a defender a Trump.
"Levamos este acontecimento extremamente a sério. Sabemos que coisas podem acontecer, inclusive o pior, mas não é o estilo de Miami", disse o chefe de polícia da cidade, Manuel Morales, durante coletiva de imprensa.
A segurança, formada por agentes locais e federais, está preparada para enfrentar multidões de 5.000 a 50 mil pessoas, acrescentou.
Após sua apresentação ao tribunal, o ex-presidente irá a Nova Jersey, onde fará um discurso à noite em seu clube de golfe de Bedminster.