Visita de presidente da Comissão Europeia: sem honras de chefe de Estado, mas com resultados
O venezuelano Nicolás Maduro e o alemão Olaf Scholz fizeram visita de chefe de Estado, enquanto Ursula von der Leyen fez uma viagem oficial ou de trabalho
Sem dar o mesmo tratamento concedido ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e ao premier alemão Olaf Scholz, ambos recebidos com honras de chefes de Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou obtendo melhores resultados ao se reunir em Brasília, nesta segunda-feira (12), com Ursula von der Leyen, que preside a Comissão Europeia.
Von der Leyen ouviu críticas de Lula a pontos do acordo entre Mercosul e União Europeia, mas anunciou recursos para o Fundo Amazônia e elogiou a postura do Brasil em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia.
"Presidente @LulaOficial, você trouxe o Brasil de volta ao cenário global. Vamos dar uma nova vida à nossa parceria. Com, primeiro, uma cooperação mais forte em ação climática, comércio e energias renováveis. Também expressei nosso apreço pela condenação do Brasil à guerra da Rússia contra a Ucrânia", escreveu a líder europeia em uma rede social após se reunir com Lula, no Palácio do Planalto.
Com status de chefe de Governo, segundo informou a União Europeia, Von der Leyen subiu a rampa do Palácio do Planalto, mas foi recebida pelo chanceler Mauro Vieira antes de ser guiada ao gabinete presidencial. Mas Lula foi à rampa receber Maduro e Scholz. A visita da presidente da Comissão Europeia foi de caráter oficial ou de trabalho, segundo interlocutores da área diplomática. Os demais, considerados chefes de Estado, tiveram uma recepção com honras.
O primeiro-ministro alemão chegou ao Brasil em janeiro e esteve no Palácio do Planalto quando o prédio ainda estava depredado, após ter os vidros quebrados por vândalos no dia 8 daquele mês. Um dos pontos marcantes do encontro foi quando Lula se recusou a fornecer armas para a Ucrânia, ao ouvir um pedido nesse sentido de Scholz.
— Vim ao Brasil para abrir um novo capítulo nas nossas relações. Estamos felizes com o Brasil de volta ao cenário internacional, empenhado na integração. Vocês fizeram falta, Lula. Temos grandes planos — disse o alemão.
Com Maduro, no mês passado, o encontro gerou polêmica. Às vésperas de uma reunião de presidentes da América do Sul, Lula disse que as acusações de que o governo venezuelano é uma ditadura e que há violação de direitos humanos naquele país são uma questão de "narrativa". No dia seguinte, o presidente brasileiro foi duramente criticado por líderes sul-americanos, como o uruguaio Luis Lacalle Pou e o chileno Gabriel Boric.
Outra visita ilustre ao Brasil, em abril deste ano, foi do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, que cumpriu quase toda a agenda com o chanceler Mauro Vieira. Lavrov e Vieira tiveram uma reunião bilateral no Itamaraty, onde almoçaram e deram uma declaração à imprensa. Uma frase do chanceler russo, de que Brasil e Rússia tinham "visões similares" sobre temas como a guerra na Ucrânia, causou confusão.
No fim da tarde do mesmo dia 17 de abril, Lavrov foi recebido por Lula como cortesia. O chanceler russo foi entregar ao presidente um convite para uma visita à Rússia do presidente daquele país, Vladimir Putin. Mas a oferta acabou recusada cerca de um mês depois.