BRASIL

Visita de presidente da Comissão Europeia: sem honras de chefe de Estado, mas com resultados

O venezuelano Nicolás Maduro e o alemão Olaf Scholz fizeram visita de chefe de Estado, enquanto Ursula von der Leyen fez uma viagem oficial ou de trabalho

Encontro entre presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e Luiz Inácio Lula da Silva - Ricardo Stuckert / Presidência da República

Sem dar o mesmo tratamento concedido ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e ao premier alemão Olaf Scholz, ambos recebidos com honras de chefes de Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou obtendo melhores resultados ao se reunir em Brasília, nesta segunda-feira (12), com Ursula von der Leyen, que preside a Comissão Europeia.

Von der Leyen ouviu críticas de Lula a pontos do acordo entre Mercosul e União Europeia, mas anunciou recursos para o Fundo Amazônia e elogiou a postura do Brasil em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia.

"Presidente @LulaOficial, você trouxe o Brasil de volta ao cenário global. Vamos dar uma nova vida à nossa parceria. Com, primeiro, uma cooperação mais forte em ação climática, comércio e energias renováveis. Também expressei nosso apreço pela condenação do Brasil à guerra da Rússia contra a Ucrânia", escreveu a líder europeia em uma rede social após se reunir com Lula, no Palácio do Planalto.

 



Com status de chefe de Governo, segundo informou a União Europeia, Von der Leyen subiu a rampa do Palácio do Planalto, mas foi recebida pelo chanceler Mauro Vieira antes de ser guiada ao gabinete presidencial. Mas Lula foi à rampa receber Maduro e Scholz. A visita da presidente da Comissão Europeia foi de caráter oficial ou de trabalho, segundo interlocutores da área diplomática. Os demais, considerados chefes de Estado, tiveram uma recepção com honras.

O primeiro-ministro alemão chegou ao Brasil em janeiro e esteve no Palácio do Planalto quando o prédio ainda estava depredado, após ter os vidros quebrados por vândalos no dia 8 daquele mês. Um dos pontos marcantes do encontro foi quando Lula se recusou a fornecer armas para a Ucrânia, ao ouvir um pedido nesse sentido de Scholz.

— Vim ao Brasil para abrir um novo capítulo nas nossas relações. Estamos felizes com o Brasil de volta ao cenário internacional, empenhado na integração. Vocês fizeram falta, Lula. Temos grandes planos — disse o alemão.

Com Maduro, no mês passado, o encontro gerou polêmica. Às vésperas de uma reunião de presidentes da América do Sul, Lula disse que as acusações de que o governo venezuelano é uma ditadura e que há violação de direitos humanos naquele país são uma questão de "narrativa". No dia seguinte, o presidente brasileiro foi duramente criticado por líderes sul-americanos, como o uruguaio Luis Lacalle Pou e o chileno Gabriel Boric.

Outra visita ilustre ao Brasil, em abril deste ano, foi do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, que cumpriu quase toda a agenda com o chanceler Mauro Vieira. Lavrov e Vieira tiveram uma reunião bilateral no Itamaraty, onde almoçaram e deram uma declaração à imprensa. Uma frase do chanceler russo, de que Brasil e Rússia tinham "visões similares" sobre temas como a guerra na Ucrânia, causou confusão.

No fim da tarde do mesmo dia 17 de abril, Lavrov foi recebido por Lula como cortesia. O chanceler russo foi entregar ao presidente um convite para uma visita à Rússia do presidente daquele país, Vladimir Putin. Mas a oferta acabou recusada cerca de um mês depois.