Saúde

Febre maculosa: letalidade cresce e mais de 7 em cada 10 contaminados morrem em SP; entenda

Doença transmitida por carrapato foi confirmada em amostra de namorada do piloto Douglas Costa

Carrapato estrela, transmissor da febre maculosa - Divulgação/PBH

A letalidade da febre maculosa, doença causada por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas pela picada do carrapato-estrela, está em alta no Estado de São Paulo. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) paulista, em 2022 foram 62 casos, dos quais 44 morreram – 74,6%. Outros três casos não foram enquadrados como de cura, porém foram ignorados no levantamento.

A taxa tem disparado desde 2007, primeiro ano do monitoramento, quando era de 35,3%. Desde então, subiu para 53,1%, em 2011, e chegou a 74,1%, em 2014. Nos anos seguintes, o percentual passou por uma leve queda e estabilizou por volta de 55%, mas voltou a crescer a partir de 2020. O do ano passado é o mais alto já registrado.

O estado é o que contabiliza o maior número de casos e óbitos da doença a cada ano no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. O impacto é desproporcional à população – em 2021, por exemplo, o número de diagnósticos foi cinco vezes maior do que o registrado no Rio de Janeiro, embora o total de habitantes em São Paulo não chegue a ser o triplo do estado fluminense.

Além disso, no país, os dados da pasta mostram que, no ano passado, foram 190 casos e 70 mortes, uma letalidade geral de 36,8%, bem abaixo da observada em São Paulo. Os diagnósticos ocorrem principalmente nas regiões Sudeste e Sul, sendo extremamente raros os registros nos demais estados. Já os óbitos são praticamente todos concentrados em SP, ES, RJ e MG.

A doença tem repercutido após o Instituto Adolfo Lutz ter confirmado, nesta segunda-feira, que a dentista Mariana Giordano, de 36 anos, teve febre maculosa. Ela morreu junto com o namorado, o piloto Douglas Costa, de 42. O material de Costa ainda está em análise, mas o quadro clínico do piloto foi semelhante ao da dentista.

Os dois haviam visitado áreas rurais de Campinas, no interior de São Paulo, além de Monte Verde, em Minas Gerais. Eles morreram pouco depois de terem sido internados, com picadas de inseto, febre, dores de cabeça e manchas avermelhadas no corpo. Os sinais tiveram início cinco dias antes do óbito.

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De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas da febre maculosa são:

Febre;

Dor de cabeça intensa;

Náuseas e vômitos;

Diarreia e dor abdominal;

Dor muscular constante;

Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;

Gangrena (morte de um tecido) nos dedos e orelhas;

Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória.

O tratamento é feito com antibióticos, que devem ser iniciados imediatamente após o diagnóstico. Ele dura geralmente sete dias e, em muitos casos, é necessária a internação. A demora para iniciar a terapia, ou a não utilização dos medicamentos, aumenta o risco já alto de óbito.