Cristina Kirchner: saiba por quais crimes brasileiro que tentou matar ex-presidente pode responder
Fase de inquérito foi encerrada, e Fernando Sabag Montiel vai a julgamento; sua namorada e o empregador do casal também são réus no processo judicial
O brasileiro Fernando Sabag Montiel, que vai a julgamento após o encerramento da fase de inquérito pela tentativa de homicídio da vice-presidente argentina Cristina Kirchner, pode responder por mais de três crimes. Além dele, os argentinos Brenda Uliarte — namorada de Montiel — e Nicolás Carrizo também serão julgados.
Em maio, o Ministério Público pediu que ele fosse submetido a julgamento oral pelos crimes de tentativa de "homicídio duplamente qualificado por traição e por competição dolosa de duas ou mais pessoas, agravado pelo uso de arma de fogo, em grau tentado, como autor; posse de arma de guerra sem a devida autorização legal do autor; receptação, sabendo da sua origem ilegítima de arma de fogo, agravada por provir de crime cuja pena seja superior a três anos de reclusão, na qualidade de coautor, todos eles em concorrência material entre si".
Já a namorada, Brenda Uliarte, deve ir a julgamento pelos crimes de tentativa de “homicídio duplamente qualificado por traição e por competição dolosa de duas ou mais pessoas, agravada pelo uso de arma de fogo, em grau tentado, como participante necessário; posse de arma de guerra sem a devida autorização legal do autor; receptação, sabendo da sua origem ilegítima de arma de fogo, agravada por provir de crime cuja pena seja superior a três anos de prisão, em coautoria, todos eles em concorrência material entre si".
Nesse caso, a pena para o cúmplice é a mesma que para o autor do crime, a única diferença entre as duas acusações.
O Ministério Público também requereu que outro envolvido, Nicolás Carrizo, fosse julgado pelos crimes de tentativa de “homicídio qualificado, traição e competição dolosa de duas ou mais pessoas, agravada pelo uso de arma de fogo, em grau tentado, como participante secundário”.
Relembre o ataque
O ataque frustrado aconteceu em 1º de setembro de 2022. Na ocasião, Montiel, armado com uma pistola, se misturou a um grupo de apoiadores, abordou a vice-presidente e puxou o gatilho várias vezes, mas os disparos falharam.
Na época, um tribunal julgava a ex-presidente (2007-2015) por um processo de corrupção, pelo qual foi posteriormente condenada a seis anos de prisão e inabilitação política, acusações de que recorreu e que atribuiu a perseguições de opositores.
Montiel, de 35 anos, e sua namorada Brenda Uliarte, de 23, são acusados como coautores. Nicolás Carrizo, de 27 anos, que empregava o casal como vendedor ambulante, é acusado de “participante”.
O caso foi classificado pelo Ministério Público como “homicídio duplo qualificado por traição e por competição dolosa de duas ou mais pessoas, agravado pelo uso de arma de fogo, no grau de tentativa”.
A juíza argentina María Eugenia Capuchetti lembrou, no parecer em que anuncia o julgamento, que o procurador considerou que a investigação “não evidenciou qualquer vínculo dos apontados com nenhum grupo ou pessoa” que tenha prestado assistência ao evento. O procurador descartou ainda que existam elementos que demonstrem “a colaboração de terceiros com dinheiro para o ataque”.