Guerra na Ucrânia

Chefe de gabinete de Zelensky telefona para Amorim e convida Brasil para tratar de paz

Relações entre Ucrânia e Brasil esfriaram após desencontro entre presidentes no Japão

Ex-chanceler e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim, participa do evento - Marcello Casal / Agência Brasil

O chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, telefonou, nesta terça-feira (13), para o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, em uma gesto de reaproximação. A informação foi publicada pelo jornal "Folha de São Paulo" e confirmada ao Globo pelo próprio Amorim.

— Recebi a chamada e tive uma boa conversa com Andrey Yermak, meu interlocutor habitual em Kiev. Foi uma conversa geral sobre a guerra e a paz e a visão que o governo ucraniano tem do papel que o Brasil pode ter — disse o ex-chanceler do presidente Luiz Inácio da Lula nos dois primeiros mandatos do petista.

Há divergências em torno das razões que impediram um encontro entre Lula e Zelensky, há cerca de um mês, às margens da reunião do G7, no Japão. Enquanto o governo brasileiro afirma ter oferecido três horários para o líder ucraniano, as autoridades país do Leste Europeu, em guerra com a Rússia há mais de um ano, deram pelo menos dois motivos: indicaram ter sentido desinteresse de Lula e, em seguida, descompasso de agenda.

Yermak relatou a Amorim a intenção de Zelensky de realizar uma reunião internacional para discutir a paz entre Ucrânia e Rússia. Porém, segundo o assessor especial de Lula, não foram revelados a data e o local desse encontro.
 

Além dessa cúpula internacional, uma oportunidade para um encontro entre Lula e Zelensky que é citada nos bastidores seria na Cúpula de chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos e da União Europeia nos dias 17 e 18 de julho, na Bélgica.

Cerca de dez dias antes da reunião do G7, Celso Amorim viajou a Kiev e foi recebido por Zelensky. Ele ouviu do presidente da Ucrânia que a paz deve ser negociada com base em uma proposta própria, elaborada pelos ucranianos.

Lula propõe a criação de um grupo de países não alinhados para mediar a paz na guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, alguns países ocidentais, como Estados Unidos e membros da União Europeia, gostariam de ver o Brasil com uma posição mais dura contra a Rússia.

Uma fonte envolvida nas negociações destacou que um sinal de que a Ucrânia realmente prioriza o Brasil foi a designação do vice-chanceler do país Andrii Melnyk para para ser o novo embaixador ucraniano em Brasília. O diplomata recebeu o agrément do governo brasileiro no dia em que Amorim esteve em Kiev, 10 de maio. Melnyk também se reuniu com o assessor de Lula.