BRASIL

Lula vai cobrar ministros a destravarem entregas de cargos e acelerarem atendimento ao Congresso

Em meio à crise com União Brasil, presidente usará reunião com auxiliares para determinar mudanças

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala no Palácio do Itamaraty, em Brasília, após reunião com presidentes da América do Sul - Brenno Carvalho/O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usará a reunião ministerial marcada para a manhã de quinta-feira para cobrar ministros a acelerarem nomeações de indicações políticas na tentativa de melhorar a relação de seu governo com o Congresso.

Dentro desse objetivo, o petista cobrará dos auxiliares o atendimento rápido dos pleitos de parlamentares e, ao mesmo tempo, vai usar o encontro para blindar o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, determinando que os pedidos do responsável pela articulação política sejam levados adiante com celeridade.

Essa será a terceira reunião do presidente com os seus 37 ministros desde o início do mandato.

A gestão Lula vem sendo pressionada por deputados e senadores. Há duas semanas, a Câmara ameaçou não aprovar a medida provisória que alterou a estrutura dos ministérios, o que faria com que o governo voltasse à configuração dos tempos de Jair Bolsonaro com a extinção de pastas.

Os parlamentares se queixam da demora da liberação de emendas e de nomeações de indicados para cargos na estrutura federal nos estados. Responsável pela interlocução com o Congresso, Padilha se tornou o principal alvo das reclamações.

Aliados do ministro das Relações Institucionais alegam, porém, que as demandas apresentadas pela pasta não são atendidas pelos demais ministérios e que muitas nomeações se arrastam por demora dos próprios ministros em finalizar os procedimentos burocráticos dos escolhidos para os cargos.
 

Para tentar solucionar esse problemas, Lula dirá na reunião que Padilha fala em seu nome e, por isso, deve ser prontamente atendido. Será uma tentativa de Lula de dar mais peso ao cargo de Padilha, um dos principais alvos de críticas no governo. Aliados do ministro admitem que, embora ele seja um dos auxiliares mais próximos de Lula, Padilha precisa ganhar mais aval.

Nos últimos dias, o presidente pediu relatórios sobre nomeações que estão travadas para entender o tamanho do problema e poder cobrar individualmente cada ministro. As principais demoras verificadas são na Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e Dataprev, ambas vinculadas ao Ministério da Gestão, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sob o guarda-chuva do Ministério do Meio Ambiente.

Também há entraves no Ministério de Minas e Energia e na Apex, ligada ao Ministério de Indústria e Comércio. O objetivo de integrantes da Secretaria de Relações Institucionais é tentar liquidar o máximo de cargos vagos até o fim do primeiro semestre.

Há também reclamações de que alguns ministros não têm avisado os parlamentares locais de partidos aliados quando viajam para estados. Lula também deve alertar na reunião que isso não pode acontecer. Todas as iniciativas visam arrumar a casa e cessar as queixas do Congresso contra o governo.

A busca do presidente por tentar melhorar a relação de sua gestão com o mundo político ocorre em meio a uma pressão do União Brasil pela troca de Daniela Carneiro (RJ) por Celso Sabino (PA) no comando do Ministério do Turismo. Daniela está em litígio com a legenda e fez um pedido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para mudar de partido.

Na terça-feira, Lula se reuniu com a ministra e com o seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos). Daniela ganhou uma sobrevida no cargo e deve participar da reunião ministerial de quinta-feira.