Colômbia

'Herói' em resgate na Colômbia, cão Wilson foi visto por militares, mas se assustou e fugiu

Mais de 100 soldados estão mobilizados nas buscas; animal foi protagonista da operação para localizar quatro irmãos indígenas que ficaram perdidos por 40 dias na selva amazônica

Cachorro Wilson auxiliou nas buscas por crianças perdidas na Amazônia - Reprodução/Twitter

Militares das Forças Armadas da Colômbia chegaram a avistar o cachorro Wilson, que está desaparecido após a operação de resgate de quatro irmãos indígenas que ficaram perdidos por 40 dias na selva amazônica. O animal, no entanto, assustou-se e fugiu.

A informação foi dada nesta quarta-feira pelo comandante das Forças Armadas colombianas, general Helder Fernán Giraldo Bonilla, em entrevista ao jornal El Espectador.

— Acreditamos que Wilson está vivo. Os militares já o viram, não sabemos o porquê do seu comportamento, porque quando o chamaram para se aproximar, ele fugiu — disse Bonilla.

Edgar Yesid Fontecha, instrutor do Centro de Treinamento Canino, acrescentou que Wilson não está desorientado, mas sim assustado.

— É como quando você anda pela rua e todo mundo começa a te chamar e gritar com você. Eu sei que sou eu, mas por que todo mundo está me chamando? Então começa a haver um instinto natural de autopreservação. O cachorro deve estar pensando a mesma coisa: não me aproximo porque não sei se é para o bem ou para o mal, então prefiro prevenir — afirmou Fontecha.

Nos últimos dias, os militares encontraram pegadas frescas de Wilson. Mais de 100 soldados estão mobilizados na área de busca para tentar encontrá-lo. O cachorro foi protagonista da operação de busca das quatro crianças que estavam desaparecidas na floresta amazônica colombiana: Lesly (13 anos), Soleiny (9), Tien Noriel (5) e Cristín (1).

As descobertas de Wilson
Em meados de maio, quando uma equipe militar encontrou o pequeno avião destruído junto aos corpos de três adultos, mas nenhuma das crianças que constavam como passageiros, teve início uma operação espetacular de busca para encontrar os irmãos indígenas da etnia huitoto.

Mais de 100 soldados e indígenas, acompanhados de cães farejadores, se embrenharam na mata da Amazônia colombiana, habitada por onças, cobras venenosas e outros predadores perigosos.

Wilson encontrou a mamadeira da bebê Cristín entre a vegetação, a quase quatro quilômetros do local do acidente. A equipe de busca também encontrou frutas mordidas, fraldas, abrigos improvisados, tesouras e pegadas, pistas que mantinham a esperança de encontrar as crianças com vida.

Porém, duas semanas atrás, "por causa da complexidade do terreno, da umidade e das condições climáticas adversas, [Wilson] teria se desorientado", informou o xército em nota.

Por outro lado, várias pistas indicam que o cão pode ter sido o primeiro a encontrar as crianças, como pegadas do animal que aparecem junto às marcas deixadas pelos menores.

— Wilson é um cão, mas é nosso soldado. Eu diria que ele foi o primeiro que encontrou as crianças — opinou Sánchez nesta terça.

As crianças e Wilson
Em 8 de junho, um dia antes das crianças serem encontradas, o Exército informou que Wilson havia se perdido na floresta.

"Jamais se abandona um companheiro caído no campo de combate. Avança a #OperaciónEsperanza [Operação Esperança] na busca por nosso canino Wilson, que, durante o rastreamento e em seu afã de encontrar as crianças, afastou-se das tropas e está perdido", tuitou a força militar.

Após a euforia gerada pelo resgate dos menores, centenas de usuários inundaram as redes sociais com pedidos para que o cão não fosse esquecido e demonstrações de solidariedade.

Lesly e Soleiny, as irmãs mais velhas, fizeram um desenho em que há um cão em meio às árvores, ao lado de um rio, com o nome "Wilson" escrito, outro indício que alimenta a hipótese de que as crianças estiveram com o animal.

Astrid Cáceres, diretora do órgão estatal que zela pelos direitos das crianças, garantiu no sábado que os irmãos fizeram menções a um cachorro.

— [Lesley] nos contou [...] do cãozinho que se perdeu deles, que não sabem onde ficou e que os acompanhou por um momento — relatou a funcionária.

De acordo com o general Sánchez, Wilson não usava GPS.