Brasil não é mais um país de jovens: fatia da população com menos de 30 anos cai a menos da metade
País perde o chamado "bônus demográfico". Em 2012, essa faixa etária respondia por 49,9% do total. No ano passado, era 43,3%
O Brasil enfrenta uma grande mudança na sua estrutura etária: enquanto o envelhecimento avança de forma acelerada, o número de jovens despenca a menos da metade da população em uma década. Com isso, o país amarga a perda de uma janela de oportunidade por meio do que os economistas chamam de "bônus demográfico", quando o país tem mais pessoas com idade economicamente ativa em comparação à população inativa (idosos e crianças) e deve aproveitar esse período para potencializar seu crescimento econômico.
É o que revelam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) Domicílios e Moradores, divulgada nesta sexta-feira (16) pelo IBGE.
Segundo o instituto, houve um alargamento do topo da pirâmide etária e um estreitamento da base na última década. Em 2012, metade da população (49,9%) tinha menos de 30 anos. Essa taxa caiu para 43,3% em 2022. Já o percentual de idosos (com 60 anos ou mais) subiu de 11,3% para 15,1% no mesmo período.
Em termos regionais, a região Norte apresentou a maior concentração populacional nos grupos de idade mais jovens, ao passo que o Sudeste e o Sul registraram os maiores percentuais de idosos.
Perda do bônus demográfico
Os números da pesquisa confirmam que o Brasil vem desperdiçando o chamado "bônus demográfico". O conceito aponta que um país pode aproveitar o tamanho de sua população jovem e, portanto, apta para trabalhar (entre 15 e 64 anos), para alavancar o crescimento econômico.
Essa janela vem se fechando: o número de pessoas em idade ativa vem caindo, e o país não conseguiu aproveitar esse momento ideal para crescer. Nesse sentido, o país caminha em direção ao "ônus demográfico" - quando o número de idosos é maior e há uma perda de ímpeto da economia.
Um dos elementos que revelam como o país desperdiçou o bônus demográfico é o número de desocupados, que custa a ceder. Faltou oportunidade de emprego para mais de 9,4 milhões de pessoas que buscavam uma vaga no primeiro trimestre deste ano, segundo dados do IBGE.
O patamar é semelhante ao observado no quarto trimestre de 2015, quando havia 9,2 milhões de brasileiros em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho.
Os resultados da pesquisa consideram a reponderação da Pnad Contínua, ocorrida em 2021, além da revisão de projeção da população realizada em 2018, tendo como parâmetro o Censo de 2010.
Nesse sentido, o instituto aponta que os dados do Censo Demográfico de 2022 serão fundamentais pra atualizar as projeções populacionais e retratar com maior clareza a realidade brasileira.