Rio de Janeiro

Principal suspeito de matar Jeff Machado usava chip sem identificação em celular

De acordo com a delegada Elen Souto, responsável pelo caso, a tentativa do produtor de TV Bruno Rodrigues de não deixar rastros aponta para a premeditação do crime

Bruno Rodrigues, suspeito de ter cometido os crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver - Reprodução

O principal suspeito pelo assassinato de Jeff Machado conseguiu obter um chip de telefone sem qualquer dado pessoal atrelado a ele, o que indicaria a premeditação do crime, segundo a delegada Elen Souto, à frente da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), que investiga o caso. Foi por meio dessa linha telefônica que o produtor de TV Bruno Rodrigues, preso nesta quinta-feira, fingiu ser uma pessoa a quem Jeff entregou seus cachorros, encontrados perdidos por ruas da Zona Oeste. Ele também se passou pelo próprio ator ao entrar em contato com a dona da quitinete onde, posteriormente, o corpo do artista foi enterrado.

Os detalhes da investigação foram divulgados pela delegada Elen Souto ao podcast "Desenrola, Rio", do g1, nesta quinta-feira. Segundo ela, o uso de um chip sem identificação corrobora a tese de que todas as ações de Bruno foram premeditadas.

"Durante a investigação, nós levantamos que Bruno tinha um terminal telefônico dele e outra linha telefônica, com final 0663, que não tinha nenhum dado cadastral atrelado a ela. Muito interessante isso porque se você for comprar qualquer chip telefônico, tem que atrelar a um CPF. Ele conseguiu um chip sem nenhum dado cadastral" detalhou Elen durante ao podcast.

No dia em que foi morto, Jeff foi à academia em que treinava, no Recreio dos Bandeirantes, pela manhã. À tarde, saiu de casa, em Guaratiba, rumo ao centro de Campo Grande, onde se encontrou com Bruno. Neste encontro, a polícia localizou não só a linha telefônica do ator quanto a paralela do produtor de TV.

"Sabe com quem ele (Jeff) encontra no centro de Campo Grande? Com a segunda linha de telefone que o Bruno usa. Ele encontra com o Bruno no centro de Campo Grande. E, de lá, sabe onde o Bruno o leva? Na rua do quitinete"disse Elen Souto na entrevista, referindo-se ao imóvel em que o corpo de Jeff foi encontrado amarrado, dentro de um baú, enterrado no quintal.

Bruno Rodrigues, inicialmente, era o único suspeito do crime. Porém, durante o curso da investigação, a polícia chegou ao garoto de programa Jeander Vinícius da Silva, também preso por suspeita de participação no crime. Através da análise da localização dos aparelhos, foi possível apontar que os três estiveram juntos no dia da morte de Jeff.

"Através das conexões deles, (tivemos) eles todos se conectando. O Jeff às 15h30, o Bruno às 16h, e o Jeander às 16h07: nós tínhamos todos eles dentro da residência no dia 23 (de janeiro). Mas os horários estavam diferentes porque foi a hora que se conectaram, mas todos foram juntos para a casa do Jeff" detalhou a delegada, que ainda concluiu que Jeander e Jeff se conheceram neste momento, para "prestar um serviço" como garoto de programa.

Bruno Rodrigues, que estava foragido desde o início do mês, foi preso em um hostel do Morro do Vidigal na manhã desta quinta-feira. Com o produtor, os policiais encontraram malas prontas, o que indicaria que pensava em deixar o local.