BRASIL

CPI da Americanas será retomada nesta semana, com pedido de quebra de sigilo de ex-diretores

Comissão vai ouvir representantes do BC e da CVM e pedirá acesso a emails de executivos acusados de envolvimento na fraude

Leonardo Coelho, CEO da Americanas - Andressa Anholete

Depois de o CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, ter chamado, pela primeira vez, o rombo bilionário na companhia de fraude, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisa o caso vai intensificar as investigações sobre a empresa nas próximos semanas.

Na terça-feira (20), o deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), relator da Comissão, irá liderar os questionamentos ao diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, e ao presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Barroso do Nascimento, sobre as concessões de crédito à varejista sem que sua a real situação contábil fosse identificada.

— Por que os bancos concederam tantos créditos? O Banco Central não viu que estava acima do limite de crédito da companhia? Como a CVM não percebeu? Como ninguém viu nada? — disse Chiodini ao Globo.

No mesmo dia, a CPI irá votar diversos requerimentos para solicitar, por exemplo, o relatório completo citado por Coelho Pereira que comprovaria a fraude, quebras de sigilo dos suspeitos e acesso a cópia de todos os e-mails trocados pela diretoria da empresa nos últimos dez anos.

O atual CEO mostrou, na sessão da última terça, documentos que apontavam a construção de um esquema para sustentar balanços falsos e lucros inflados.

Na primeira semana de julho, os deputados vão ouvir ex-diretores da empresa. Há requerimento para convocação de nomes como Miguel Gutierrez e José Timotheo de Barros.
 

De acordo com o depoimento de Coelho Pereira, os ex-executivos apareceram em trocas de e-mails e mensagens que mostram a criação de planilhas com números maquiados, além de pedidos para as auditorias modificarem parecer sobre a real situação financeira da Americanas.

Depois de ouvir os ex-diretores, a convocação seguinte da CPI será para os representantes das auditorias KPMG e PwC, para esclarecimentos sobre suposta conivência com o esquema de fraude. O CEO das Americanas afirma que as consultorias permitiram a alteração de cartas de controle, a pedido da antiga diretoria.

Os deputados protocolaram também requerimentos pedindo a convocação de presidentes de bancos que concederam crédito à Americanas nos últimos anos. A lista inclui, entre os bancos públicos, Banco do Brasil, Caixa, BNDES e Banco da Amazônia. Entre os bancos privados, foram citados Santander Brasil, BTG Pactual, Bradesco, Itaú e Safra.

Apesar dos pedidos, a CPI ainda não decidiu sobre a convocação dos banqueiros.

— Estamos debatendo se vamos deixar a apreciação desses requerimentos de convocações para mais adiante ou não. Há possibilidade de retirarmos, por ora, e, a depender do desenrolar dos trabalhos, representá-los novamente — disse o deputado Thiago de Joaldo (PP-SE), autor de parte dos requerimentos.

As dívidas da Americanas somam R$ 42 bilhões. Só o esquema de fraude levou a um desfalque de R$ 25 bilhões. Eram criados contratos falsos com fornecedores para reduzir custos e gerar falsas verbas.